A influência do exercício físico sobre a depressão

Escrito pelo Prof. Esp e MBA Danilo Luiz Fambrini

O estudo da depressão tem recebido relevante atenção da comunidade científica nos últimos anos, e embora seja entendida como uma doença de etiologia multifatorial, é fato que a depressão é uma doença psicofisiológica, que precisa ser diagnosticada e tratada adequadamente (FLECK et al., 2003, LEHTINEM; JOUKAMAA, 2007, ROZENTHAL; ENGELHARDT, 2004).

A depressão, é caracterizada por alterações afetivas anormais em relação a sua intensidade, freqüência e duração na ocorrência dos sintomas que podem incluir sentimentos como tristeza, crises de choro, angústia, baixa auto-estima e baixa capacidade de sentir prazer, culpa, visões pessimistas do futuro, isolamento social, perda de interesse até alterações somáticas, envolvendo o sono, apetite, atividade psicomotora e função sexual (BAPTISTA, 2004).

Autores como Lander (1999) e Stella et al. (2004), mencionam que o exercício físico tem mostrado importante contribuição para melhora no perfil do estado de humor a curto e longo prazo. Existem hipóteses de que a liberação da β-endorfina e da dopamina aguda ao exercício físico são capazes de produzir um efeito relaxante e analgésico, atribuindo maior estabilidade positiva no estado de humor.

Philips (2003), relata que exercícios físicos realizados no meio líquido, com a temperatura da água próxima à temperatura corporal, potencializam a sensação de relaxamento e conforto, por evitar que a sensação térmica corporal aumente consideravelmente. Com o ajuste fisiológico após algumas semanas de exercícios físicos regulares, há maior disponibilidade de serotonina central provocada pela lipólise, amenizando o quadro de sintomas psicossomáticos da doença.

Vieira, Rocha e Porcu (2008) realizaram um estudo de 12 semanas de intervenção com mulheres com quadro de depressão com média de idade superior a 40 anos, onde praticavam hidroginástica nesse período. Os autores constataram que apesar de não conseguirem alcançar nível de normalidade no quadro clínico, houve melhora significativa nas avaliações de indicadores relacionados ao humor.

Este fato pode ser explicado com base em outras pesquisas de Coyle e Santiago (1995) e Goodwin (2003) que demonstraram que o sedentarismo está estritamente relacionado aos mais variados níveis de depressão. Em estudos como os de Landers (1999), Stella et al. (2004) e Dimeo et al. (2001), procedimentos de intervenção com exercícios físicos em pacientes depressivos produziram efeitos positivos tanto agudos como crônicos da prática do exercício físico na redução dos níveis de depressão.

No entanto, aparentemente o tipo de exercício e a intensidade parecem influenciar nas respostas encontradas. Os resultados obtidos por Landers (1999) e Martinsen et al. (1989) os fazem crer que o exercício de predominância aeróbia de intensidade moderada é mais eficaz na redução dos níveis de depressão devido às respostas psicofisiológicas agudas e crônicas. Contudo, estudo realizado com sujeitos idosos (CHEIK et al., 2003) verificou-se que os níveis de depressão e ansiedade reduziram significativamente após intervenção com exercícios físicos moderados, resultados melhores que no grupo de idosos que foram submetidos apenas a atividades de lazer.

Outro resultado que vai de encontro com o proposto anteriormente, feito com adolescentes obesas: o grupo que foi submetido aos exercícios aeróbios de intensidade moderada apresentou melhoras significativas nos níveis de depressão em relação aos grupos que foram tratados apenas com atividades físicas de lazer (STELLA et al., 2005). Sob estas circunstâncias, é imprescindível que a prática de exercícios físicos vá além de atividades de lazer e interação social – o programa precisa ser sistematizado e organizado de forma a suplementar fisiológica e psicologicamente a ação dos antidepressivos empregados no tratamento.

Porém, mais importante que os efeitos de curto prazo provocado por uma simples sessão de exercício, são os efeitos provocados há longo prazo, como apresentados por Roeder (2004).

Recentemente, estudos longitudinais apontados por Salmon (2001) têm sido realizados e tem relacionado consistentemente o hábito de praticar exercícios e a qualidade da saúde mental. Por provocar sensações de bem-estar, como mostram os resultados de importantes estudos sobre o assunto (TAYLOR et al., 1994, PHILIPS et al., 2003), o programa de exercícios físicos pode se tornar uma atividade cada vez mais prazerosa, e essa motivação pela prática auxiliam na adesão à prática regular, o que por sua vez conduz a ajustes fisiológicos fundamentais para o controle dos níveis clínicos da depressão há longo prazo (LANDERS, 1999, COYLE; SANTIAGO, 1995, DIMEO et al., 2001).

Considerações

Os achados da literatura sugerem que a atividade física (qualquer movimentação não periodizada) e o exercício físico (movimentos condicionados) são benéficos para pessoas que sofrem de depressão. No entanto, os exercícios físicos rotineiros se mostraram mais eficientes.