A utilização do treinamento concorrente minimiza os efeitos hipertróficos?

Escrito pelo Prof. Esp e MBA Danilo Luiz Fambrini

A utilização de exercícios aeróbios em combinação com exercícios resistidos em uma sessão de treinamento com o intuito de melhorar capacidade aeróbia e força muscular, é denominado Treinamento Concorrente (KRAMER et al., 1995).

Como fazer uso de tal método é um dilema constante em academias, pois, a utilização precisa ser analisada de forma que não prejudique os resultados do praticante.

A utilização desse método pode prejudicar o ganho de força e hipertrofia em comparação ao treinamento com pesos convencional (KRAEMER et al., 1995; PUTTMAN et al., 2004). Para Kraemer et al. (1995), as reduções dos ganhos nessas variáveis são dependentes da escolha da frequência, volume e se é realizado de forma continua ou intervalado, outra interferência, levantada por Leveritt et al. (2003) é a utilização do método precedendo o treinamento resistido.

Alguns estudos levantam a hipótese molecular de que a interferência ocasionada pelo treinamento concorrente se dê por razão de vias concorrentes, nas quais, causam adaptações intracelulares conflitantes (ATHERTON et al., 2005; NADER, 2006; COFEY E HAWLEY, 2007) .

Atherton et al. (2005) comparou altos estímulos contra baixos estímulos sobre estimulantes de síntese protéica (AKt/mTOR/p70 S6k1). Os autores relatam em seus achados que o treinamento concorrente apresentam valores reduzidos de síntese protéica e aumentam a degradação de ATP, consequêntemente inibindo o processo anabólico.

Hickson et al. (1980) e Kraemer et al. (1995) encontraram em seus estudos diferenças significativas nos ganhos de força entre o treinamento com pesos e o treinamento concorrente (30 % e 19.5 %, e 35 % e 24 %, respectivamente). Porém, nos estudos citados os autores utilizaram de corrida continua moderada, 10 e 12 semanas de experimento e 4 e 5 sessões de

treinamento semanais, o que gerava dificuldade na recuperação muscular podendo explicar o menor ganho de força.

Já McCarthy et al. (2002) e Glowacki et al. (2004) utilizaram frequência semanais de 2 e 3 sessões e não encontraram diferenças significativas entre os grupos, o que realça a hipótese da frequência semanal interferir nos resultados pertinentes aos ganhos de força.

Com relação a hipertrofia, McCarthy et al. (2002) encontraram aumentos semelhantes da área de secção transversa do músculo quadríceps, porém, quando avaliou alterações nas fibras musculares, notou aumento das fibras de contração lenta no TP enquanto o TC não ocasionou alterações.

O aumento da área de secção transversa do músculo se da por uma sequência de ocorrências nas vias intracelulares que ocasiona a síntese protéica. Com relação a esse feito, o caminho Akt/mTOR/p70 S6K1 tem sido associada a hipertrofia induzida pela sobrecarga no musculo esquelético (DELDICQUE et al. 2008). O mTor é conhecido por forforilar a proteína p70S6K1 e estimular o inicio do processo. Leger et al. (2006), observou concomitantemente a hipertrofia e a fosforilação de p70 S6K1, reforçando a hipotese.

Em estudo atual, Sousa et al. (2012) avaliaram a área de secção transversa do músculo, força muscular, e as sinalizações de AMPK, AKT e p70 S6K1 em três condições: Treinamento Aeróbio (TA) Treinamento com Pesos (TP) e Treinamento Concorrente (TC). Os autores não encontraram diferenças em hipertrofia e força muscular entre TP e TC, sendo que apenas ambos mostraram aumentos significativos nessas variáveis. O mesmo ocorreu em relação a sinalização de AKT e p70 S6K1. Já na analise de ativação de AMPK, TA teve aumentos significativos enquanto os outros métodos não apresentaram esses valores.

Frosig et al. (2004) produziu estudo onde analisava os efeitos de ativação após três semanas de treinamento de endurance, onde notaram aumento da ativação de AMPK. Estudos destacam que a ativação da AMPK inibe as vias hipertróficas (BOLSTER et al., 2002; ATHERTON et al., 2005;

AGUILAR et al.,2007). Devemos ressaltar que treinamentos com pesos intensos não ocasionam aumentos da ativação de AMPK (Dreyer et al., 2006), tal feito tem breve aumento apenas imediatamente após sessão de treinamento, deixando em seguida de ter efeito e dando lugar a fosforilação da mTOR-p70 S6K1.

É plausível considerar que os efeitos do treinamento intenso sobrepõe os resultados do treinamento aeróbio quando efetua-se o treinamento concorrente, assim, tornando os resultados mais efetivos e sem prejuízos (SOUSA et al., 2012).

Referência da imagem: fitpersonal