Detalhes da articulação do ombro Parte I

Escrito pelo Prof. Esp e MBA Danilo Luiz Fambrini

A região do ombro é um complexo de músculos, articulações ósseas e superfícies móveis de tecidos moles (articulações funcionais) que permite uma grande mobilidade (aproximadamente 180° de flexão, abdução e rotação e 60° de hiperextensão) O complexo do ombro executa importantes funções de estabilização para o uso das mãos, levantar e empurrar, elevação do corpo, inspiração e expiração forçada, e sustentação do peso como andar de muletas. SMITH, WEISS & LEHMKUHL, 1997.

Confira abaixo as articulações ósseas.

Ossos da cintura escapular

A cintura escapular é formada por dois ossos distintos: a escápula e a clavícula. A escápula tem a forma de um triângulo; ela possui um processo ósseo chamado espinha da escápula na região posterior e esta divide a escápula em duas fossas. A extremidade lateral desta espinha forma acima da articulação, como um prolongamento do osso, outro processo ósseo, denominado acrômio (WIRHED, 1986). A clavícula forma juntamente com a porção anterior do acrõmio a articulação acromioclavicular. A articulação esternoclavicular estabelece uma ligação articular da clavícula com o esterno e finalmente a porção lateral da escápula forma a cavidade glenóide, articulando-se ao úmero (WIRHED, 1986). A função da articulação além de unir as peças ósseas é fundamentalmente permitir que haja uma mobilidade específica para cada articulação. (DANGELO, 1988).

Articulação esternoclavicular

A extremidade proximal da clavícula se articula com o manúbrio do esterno e com a cartilagem da primeira costela para formar a articulação estemoclavicular. Esta articulação provê o principal eixo de rotação para os movimentos da clavícula e da escápula. (HALL, 1993).

A articulação esternoclavicular permite movimentos livres nos planos frontal e transverso e ainda alguns graus de rotação no plano sagital (HALL, 1993).

A articulação é reforçada por três ligamentos: o interclavicular, o costoclavicular e o esternoclavicular, sendo o costoclavicular o principal sustentador da articulação (SODERBERG, 1986 apud HAMILL, 1999).

Alguns músculos também são responsaveis pela sustentação da articulação, como o subclávio, curto e potente e ainda uma cápsula articular contribui para tornar a articulação resistente à luxação ou ruptura. (HAMILL, 1999).

esternoclavicular

Articulação acromioclavicular

A articulação do processo acromial da escápula com a extremidade lateral da clavícula é conhecida como articulação acromioclavicular. (HALL, 1993). É uma articulação sinovial deslizante pequena que não está presente em todos os indivíduos. Possui freqüentemente um disco fibrocartilaginoso como a articulação esternoclavicular. (Soderberg, 1986 apud HAMILI, 1999). É nessa articulação que ocorre a maioria dos movimentos da escápula sobre a clavícula.

A articulação acromioclavicular fica sobre o topo da cabeça do úmero e pode servir como restrição para os movimentos do braço acima da cabeça. A articulação é reforçada com uma capsula muito densa e uma série de ligamentos acromioclaviculares que ficam acima e abaixo da articulação. Perto da articulação acromioclavicular há o importante ligamento coracoclavicular, que serve como eixo de rotação para os movimentos da escápula. (HAMILL, 1999).

acromioclavicular

Articulação glenoumeral

A articulação que possui os movimentos mais livres do corpo humano, permitindo flexão, extensão, hiperextensão, abdução, adução, abdução e adução horizontais e rotação mediai e lateral do úmero (HALL, 1993). É uma articulação sinovial, que oferece a maior amplitude e potencial de movimento entre todas as articulações do corpo. A razão para a frouxidão e excessiva amplitude dos movimentos permitida pela articulação é a constituição estrutural, uma cápsula articular frouxa e suporte ligamentar limitado. (HAMILL, 1999).

Como há mínimo contato entre a cavidade glenóide e a cabeça do úmero, a articulação do ombro depende de estruturas ligamentares e musculares para ter estabilidade. No lado anterior da articulação, o suporte é dado pela cápsula, o lábio do glenóide, os ligamentos glenoumerais, o ligamento coracoumeral e fibras do subescapular e peitoral maior que se unem à cápsula articular. (HALBACH, 1985 apud HAMILL, 1999). Tanto o ligamento coracoumeral quanto o glenoumeral medial suportam e sustentam o braço quando está relaxado. Eles também oferecem suporte pelos movimentos de abdução, rotação externa e extensão. (SODERBERG, 1986 apud HAMILL, 1999). Posteriormente, a articulação é reforçada pela cápsula, lábio da glenóide e fibras do redondo menor e infra”espinhoso que se unem à cápsula. (HAMILL, 1999).

glenoumeral

Os tendões de quatro músculos subescapular, supra-espinhoso, infra-espinhoso e redondo menor também se unem a cápsula articular (HALL, 1993). Eles são conhecidos como músculos do manguito rotador, porque contribuem para a rotação do úmero e seus tendões formam uma bainha colágena em tomo da articulação glenoumeral. A tensão nos músculos do manguito rotador puxa a cabeça do úmero em direção à cavidade glenóide, contribuindo assim para a estabilidade desta articulação. (HALL, 1993).