Efeitos da Liberação Miofascial sobre a Síndrome Dolorosa Miofascial (SDM)

Créditos: Prof. Esp. Emanoel Brito da Silva

A liberação miofascial é uma técnica de pressão sobre a fáscia e tem o objetivo de melhorar o quadro álgico, aumentar a amplitude de movimento, aumentando a circulação local, relaxar músculos contraídos, melhorando a execução das atividades. Podendo ser feito por uma pessoal exercendo pressão manual com os dedos ou cotovelos no sentidos das fibras, com um rolo próprio para o trabalho ou até mesmo um bastão chamado stick. (Manheim C.2001; mourad M R 2005; Souza D C M ,2007)

No trabalho de Costa; Poggetto; & Pedroni (2012) explica a utilização dessa técnica na Síndrome dolorosa miofascial (SDM) que é uma desordem muscular regional, caracterizada pela presença de locais sensíveis nas bandas musculares tensas ou contraturas palpáveis, os quais são conhecidos como pontos gatilhos.

A síndrome dolorosa miofascial caracteriza se:

  • dor em forma de queimação
  • peso ou dolorimento
  • pontadas
  • diminuição da força
  • aumento da tensão muscular
  • pontos gatilhos
  • limitação de movimento
  • alguns casos fadiga muscular, tendo dor referida em áreas distantes ou adjacentes.

E suas causas são

  • traumatismos
  • sobrecargas agudas
  • micro traumas repetitivos músculo esqueléticas

No trabalho apresentado pelas autoras elas utilização a liberação miofascial em um grupo de 62 atletas em período competitivo das modalidades de vôlei de praia, atletismo, handeball, futsal, basquete, vôlei, ciclismo, natação, taekwondo e futebol. Divididos da seguinte forma 32 para a liberação, 15 para deslizamento manual e 15 para controle.

Para determinar a tensão muscular durante os testes foi realizado a técnica de algometria que objetiva se realizar uma pressão sobre um ponto específico para avaliação do limiar de dor quantificando assim a tolerância a dor e a capacidade de percepção através da pressão nos nociceptores.

Avaliando assim a percepção de dor dos atletas e observaram melhora da dor após a realização da manipulação miofascial. Encontrando assim diferença entre os valores de miliar de dor entre os grupos tratados, controle e placebo.

Elas observaram que os pontos de maior predominância de dor foram A prevalência de pontos dolorosos foi maior nos músculos quadríceps (20%) e em trapézio (20%), seguido de tríceps sural (13%) e tibial anterior (13%), grande dorsal (11%) e isquiotibiais (11%). Os demais músculos foram deltóide (3%), piriforme (2%) e adutores da coxa (2%), braquiorradial (1%), fi bular (1%),

peitoral (1%), bíceps braquial (1%) e rombóide (1%.).

E em uma revisão de literatura feita por Silvia e Mejia (colocar ano) A liberação é uma técnica que atua com as mobilizações manuais da fáscia que são executadas com o intuito de aumentar a amplitude de movimento, aliviar a dor e restaurar a quantidade e a qualidade normal dos movimentos, visto que muitas técnicas visam apenas o músculo, em detrimento do componente fáscia, e quando esta não é trabalhada o músculo retornaria a sua posição original. (Arruda; 2010.

O trabalho escrito polas autoras aborda a fascite plantar (FP) que é o problema mais comum da região posterior do pé em corredores, causa dor na face plantar do calcanhar e na face medial do pé. Sendo também a principal causa de talalgia em indivíduos adultos, caracterizando-se por quadro doloroso na região plantar do retro pé (METZKER, 2012).

E acordo com Castro (2010) constitui uma das mais frequentes lesões por hiper solicitação, afetando aproximadamente 10% dos atletas de corrida, basquetebol, tênis, futebol, ginástica e outros desportos.

É considerada pelos profissionais da saúde uma das lesões mais comuns encontradas no pé, representada por um processo degenerativo da fáscia plantar que causa dor sob a tuberosidade medial do calcâneo assim que essa estrutura inicia o suporte de peso. Essa incapacidade da fáscia de suportar cargas gera o mecanismo que leva ao desenvolvimento da fascite plantar (LOPES, 2013). E para deixarmos mas clara a função e importância da fáscia plantar ela ajuda a musculatura intrínseca na sustentação do arco longitudinal interno, na supinação da articulação subastragalina durante o período propulsivo, no acúmulo de energia devido a seu comportamento viscoelástico e transmissão de forças de tensão desde o tríceps sural até os dedos.

A dor gerada pela facite geralmente é intensificada após sentar e ao iniciar a marcha pela manhã ao acordar, pois o primeiro apoio provoca um estiramento brusco da aponeurose provocando assim a dor, mas cessa após cinco a dez minutos de atividade, podendo voltar após o repouso.

As principais causas da fascite plantar é a tração repetida da fáscia plantar na inserção no calcâneo gerando microrroturas da aponeurose. Com o tempo, a fascite pode dar origem ao esporão do calcâneo (CASTRO, 2010). A população feminina é a mais acometida na faixa etária do climatério (saída do período fértil para não fértil) e com obesidade, nos homens é mais comum nos esportistas, principalmente os que praticam corrida.

Barbosa (2013) cita ainda que são alguns fatores predisponentes o pé cavo, pé plano, traumatismos de repetição associados à intensidade, duração e frequência de atividade esportiva, sapatos gastos, rigidez do tendão de Aquiles, desequilíbrio da força muscular, biomecânica alterada e outros.

No caso dos corredores é comum a queixa de dor no início da corrida que diminui durante e piora após a corrida. Em casos avançados pode chegar a diminuir o desempenho esportivo e ainda causar dor e limitação nas atividades de vida diária (LOPES, 2013).

E para se ter melhoras nesse quadro a revisão traz a utilização da liberação miofascial nos caso de  fascite e citamos alguns desses trabalhos:

Rêgo (2012) foram realizadas seis sessões com duração de 60 minutos de liberação miofascial, uma vez por semana por 1 mês e 15 dias. Assim os achados alcançados foram importantes por retratar os resultados de uma intervenção a curto prazo. Durante a realização do estudo o paciente continuou a desempenhar suas atividades laborais, esportivas e recreativas normalmente, houve uma melhora da sua locomoção relacionada à capacidade da LMF de agir sobre o tecido conjuntivo, afetando sua viscoelasticidade e, ao mesmo tempo, a função estática da fisiologia da locomoção repercutindo, dessa forma, no tensionamento ativo ou passivo sobre todo o conjunto de estruturas, os resultados encontrados evidenciam que essa técnica influenciou a flexibilidade articular, com capacidade de alterar a amplitude de movimento para mais e para menos graus, em diferentes articulações no sentido de uma aproximação em relação à normalidade, proporcionando ao paciente uma reorganização estrutural e funcional de qualidade.

Metzker (2012) fez o uso do polegar para realizar a fricção no sentido látero-medial, durante 20 minutos mantida uma pressão suficiente para alcançar o tecido tratado em uma paciente de 44 anos, sedentária com diagnóstico clínico de fascite plantar no pé esquerdo há aproximadamente oito meses. Este estudo de caso documentou efeitos positivos da técnica de fricção transversa profunda (FTP) no tratamento da dor e funcionalidade na FP crônica. O mesmo autor discorre que essa fricção contínua e profunda dos tecidos provoca diminuição ou abolição da percepção dolorosa com base na “teoria das comportas”. Tal mecanismo trata-se de alguns mecanorreceptores de baixo limiar da pele e outras regiões subirem sem sinapses até a coluna posterior da medula espinhal, reduzindo efetivamente a excitabilidade das células nociceptoras aos estímulos geradores de dor. Desta forma, a técnica tem como finalidade a manutenção ou o restabelecimento da mobilidade normal de estrutura lesada, seja tendão, ligamento, fáscia ou músculo.

Rêgo (2012) discorre sobre a liberação onde a medida que as fibras colágenas se liberam pela quebra de pontes ou elos cruzados, elas se reorganizam na substância fundamental amorfa e o tecido alonga-se multidirecionalmente, remodelando-se. Ao mesmo tempo em que o processo é sentido pelo fisioterapeuta através da mão, o paciente reconhece sensações somáticas, freqüentemente relatadas. Dessa forma constitui-se numa peça única a qual se desdobra sobre si mesma em diferentes espessuras e densidade, de acordo com as exigências funcionais para ao mesmo tempo envolver, separar e conectar diferentes estruturas e em diferentes camadas desde as fáscias superficiais até o endomísio sobre a qual o menor tensionamento, ativo ou passivo, repercute sobre o conjunto numa idéia de globalidade.

O objetivo desses trabalhos foi a de mostrar que a técnica de liberação miofascial pode auxiliar atletas e não-atletas na melhora de pontos gatilhos, nos limiares de dor e na melhora da fascite plantar.

 

Referências

  • Costa, N. A; Poggetto, S, F, D; Pedroni, C. R. O Efeito da manipulação miofascial sobre o limiar doloroso em atletas durante período competitivo. Ter Man. 2012; 10(50):486-490
  • Manheim C. The myofascial release manual. 3rd Edition. Slack Inc. 2001.
  • Mourad M R. Terapia miofascial no tratamento de contusão por trauma direto do trato iliotibial em jogadores de futebol profi ssional de Osasco. Rev. Ter. Man., Londrina, v.3, n.12, p. 431 – 437, abr/jun. 2005.
  • Souza D C M, Santos P F, Matto H M. Estudo comparativo entre a efi cácia da manipulação miofascial e do alongamento convencional em adultos jovens. Rev. Ter. Man. 2007, v.5 (22), 338-341
  • Silva, D. A. A Liberação miofascial no tratamento da fascite plantar. Revisão de literatura Disponível em http://portalbiocursos.com.br/ohs/data/docs/37/17_-_A_LiberaYYo_miofascial_no_tratamento_da_fascite_plantar.pdf Pós-graduação em Fisioterapia em Ortopedia e Traumatologia – Faculdade Ávila.
  • ARRUDA, G. A.; STELLBRINK, G.; OLIVEIRA, A. R. Efeitos da liberação miofascial e idade sobre a flexibilidade de homens. Ter Man. 2010.
  • METZKER, C. A. B. A fricção transversa profunda no tratamento da Fasceíte plantar crônica: estudo de caso. SaBios: Rev. Saúde e Biol., v.7, n.3, p.120-127, set.-dez., 2012. ISSN:1980-0002.
  • LOPES, A. D.; JUNIOR, L. C. H. Reabilitação das principais lesões relacionadas à corrida. CES Movimiento y Salud, 2013.
  • CASTRO, A. P. Fasceíte Plantar. Revista de Medicina Esportiva In forma, 2010.
  • BARBOSA, A. C. C. ; PEREIRA, M. B. Fascite Plantar: Revisão Bibliográfica sobre Conceito e Tratamento. Faculdade Catedral de Ensino Superior de Roraima, 2013.
  • RÊGO, E. M.; MARTIN, M. M.; FILHO, A. V. D.; FÁVERO, F. M.; OLIVEIRA, A. S. B.; FONTES, S. V. Efeitos da Liberação Miofascial Sobre a Flexibilidade de um Paciente com Distrofia Miotônica de Steinert. Rev. Neurocienc 2012.