Escrito pelo Prof. Especialista, MBA e mestrando Danilo Luiz Fambrini
A obesidade tem se tornado epidemia em todo o mundo devido aos maus hábitos alimentares e principalmente pela dificuldade em manutenção do peso corporal após a prática de uma dieta que visa a perda de peso (WING e PHELAN, 2005).
Sabendo que a obesidade é um fator que prejudica a saúde global, diversas maneiras de prevenção de balanço energético positivo, que acarreta o ganho de peso, são elaboradas frequentemente por meio de chás e especiarias.
Uma especiaria que vem sendo estudada é a pimenta. Pesquisadores revelam que a substância Capsaicina, contida em sua composição, é capaz de ocasionar efeitos termogênicos tanto em animais quanto em humanos. Esse efeito termogênico se da pelo estimulo a secreção de catecolamina desde a medula adrenal no Sistema Nervoso Central Simpático (KAWADA et al., 1998).
Westerterp-Plantenga et al. (2005) destaca que tal substância ocasiona alterações no apetite, o que pode potencializar seus resultados no emagrecimento.
Além da pimenta, outras especiarias aparecem como possíveis termogênicos. Uma dessas é o Gengibre (com bioativo Gengiróis), no qual em ratos foram encontrados aumentos nos níveis de adrenalina (Iwazaki et al., 2006), porém, em humanos, em estudo que comparava refeição com a adição de gengibre e sem a adição, não foram encontradas diferenças significativas (HENRY, 1987). Outro produto estudado é a mostarda, com bioativo Isotiocianato de alila, que mostrou aumentar o metabolismo em humanos (Henry, 1986), porém, no estudo em que foi analisada, ela foi combinada com a ingestão de pimenta, o que não permite isolar os resultados obtidos.
Estudos in vitro sugerem que gengiróis, piperina (contida na pimenta preta) e o isotiocianato de alila podem ter efeitos semelhantes aos da
capsaicina, o que não havia sido comprovado in vivo (IWAZAKI et al., 2006; OHTA, IMAGAWA e ITO, 2007).
Tendo como objetivo encontrar resultados mais específicos acerca da utilização de especiarias como meio termogênico, Gregersen et al. (2013) compararam a utilização de pimenta preta, gengibre, mostarda e raiz forte em diversas variáveis. Os autores tomaram o cuidado de ter uma alimentação semelhante e alterando a especiaria, o cheiro e a aparência não tinham diferenças. Com relação a sabor, utilizando escala subjetiva, notaram que os voluntários tiveram a preferência do placebo com relação aos outros (destacando que os voluntários não sabiam quais estavam ingerindo). Na comparação entre as especiarias, mostarda e a pimenta preta mostraram resultados positivos quanto a sabor.
No mesmo estudo, não foram encontrados aumentos dos níveis de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) em qualquer momento. A utilização das especiarias ocasionou aumento da pressão diastólica, sendo mais acentuado no consumo de raízes fortes, porém, não ocasionou aumento da pressão sistólica.
Foram ainda encontrados efeitos interessantes nos marcadores de colesterol, onde a pimenta preta apresentou redução significativamente maior de HDL em comparação ao placebo.
Os resultados referentes ao gasto energético mostraram que apenas a mostarda apresentou resultados superiores aos do placebo, as outras especiarias não mostraram efetividade.
A literatura relata que especiarias teriam efeito termogênico de 2 a 4 horas após ingestão (Yoshoka et al., 1998) enquanto macronutrientes poderiam alcançar até 8 horas (WESTERTERP, 2004). Levando isso em consideração e o período de analise de 270 minutos após a refeição no estudo de Gregersen et al. (2013), se houvessem efeitos termogênicos, eram para ter sido efetivos na analise.
Aparentemente a utilização dessas especiarias (com excessão da mostarda) não aumenta o gasto energético, não altera o apetite quando adicionado a refeição. No entanto, estudos com quantidades variáveis e combinando mais de uma especiarias poderiam gerar outros resultados.
Referência da imagem: bp.blogspot