Água ou Isotônico, qual é mais eficiente na recuperação do exercício físico?

Escrito pelo Prof. Esp e MBA Danilo Luiz Fambrini

            A hidratação tem grande importância na tolerância ao exercício de longa duração, pois, tem atuação na termoregulação e consequentemente controla a temperatura corporal (SHARPE et al., 2008; MONTAIN, 2008) e também garante a manutenção das funções fisiológicas (MONTAIN, 2008).

            O coração tem sua atividade moduladas pelo sistema nervoso autônomo (SNA), este promove adaptações de acordo com a demanda das regiões periféricas (Hartikainen; Tahvarnainen; Kuusela, 1998; Rosenwinkel; Bloomfield et al., 2001). A frequência cardíaca (FC) é alterada por meio da atividade nervosa simpática e parassimpática, por influência da atividade e situação físiologica, como no repouso (Rosenwinkel e Bloomfield, 2001) e situações transitórias como em avaliações físicas, transição repouso exercício e exercício repouso.

            Algumas formas de hidratação para o exercício físico já foram estudadas, como água (Vianna et al., 2008), solução isotônica (Moreno et al., 2013), e água de coco (Kalmanet al., 2012). As principais comparações acontecem entre a utilização de água ou isotônico (Sawkaet al., 2007; Montain, 2008; Shirreffset al., 2004).

            Em estudo atual sobre o tema, Vanderlei et al. (2015), recrutaram um grupo de adultos jovens e saudáveis para analisar um comparativo de hidratação em três avaliações: A primeira delas foi uma avaliação controle, sem hidratação durante a atividade, a segunda utilizaram hidratação com água e na terceira utilizaram uma solução isotônica (Gatorade®). Os autores avaliaram a alteração na temperatura, recuperação da modulação autonômica, e no peso corporal dos sujeitos envolvidos.

            Em seus resultados, o grupo de pesquisadores encontrou alterações no peso corporal apenas na avaliação sem hidratação, promovendo uma redução em média de 1,4kg, enquanto nas outras avaliações não tiveram alterações. Com relação a temperatura corporal, em todas as avaliações houve aumento, porém, utilizando hidratação com água e isotônico, o aumento foi menor. Houve diferença significativa apenas na comparação entre a não utilização de hidratação e a utilização de isotônico, o ultimo se mostrando interessante para o controle da temperatura corporal na prática de exercício físico prolongado.

            Quando comparamos a recuperação da modulação autonômica e frequência cardíaca, os autores encontraram maior rapidez na recuperação quando utilizaram alguma forma de hidratação, sendo água ou isotônico. A recuperação mais ágil da frequência cardíaca acontece, segundo alguns autores, porque a hidratação proporciona aumento do barorreflexo, uma acentuada diminuição da atividade simpática e, consequentemente, aumento da modulação cardíaca parassimpática (Charkoudianet al., 2003; Yunet al., 2005),

            A desidratação  aumenta a temperatura corporal, pois, mantém a modulação simpática alta, reduz a modulação vagal e pode produzir um atraso na recuperação da modulação autonômica cardíaca (Charkoudianet al., 2005).

            A literatura destaca a importância da hidratação durante o treinamento de longa duração, pois, possibilita uma recuperação da temperatura basal com maior rapidez e da modulação autonômica cardíaca.  Assunto muito discutido é a necessidade da substituição de eletrólitos durante a reidratação. De acordo com alguns estudos (Cheuvrontet al., 2003; Convertinoet al., 1996; Sawka, 1992), a desidratação acima 2% do peso corporal pode prejudicar a função fisiológica e influenciar o desempenho físico devido a perda de água e eletrólitos. O estudo de Vanderlei et al. (2015) esteve dentro desses valores, o que pode explicar porque não houve diferença entre os meios de hidratação, possivelmente porque tais valores não exigem reposição de eletrólitos.

            Dessa forma, indica-se a importância da hidratação durante e após o exercício físico. Devido a sua importância seriam interessantes novos estudos tratados com diferentes meios de hidratação e em diferentes populações e faixas etárias.