Alongamento estático antes do treinamento: Bom ou ruim?

 Escrito pelo Prof. Esp e MBA Danilo Luiz Fambrini

A utilização de protocolos de alongamento muscular constitui um elemento presente em academias, clubes esportivos, escolas e clínicas de reabilitação, com a finalidade de promover o aumento do nível de atividade física e saúde, ao mesmo tempo que também busca aprimorar o desempenho físico (DANTAS, 2005). Esta prática também está presente nos protocolos de aquecimento de atletas de alto rendimento, realizados antes dos treinamentos e competições (ACHOUR JR, 2006).

Entre as diferentes técnicas reportadas na literatura, particularmente a técnica de alongamento estático tem sido considerada bastante eficiente, tanto para produzir o aumento agudo na amplitude de movimento articular, quanto para desenvolver a flexibilidade (POWER et al., 2004). Esse método é comumente utilizado pela facilidade e segurança na sua aplicação (VIVEIROS; SIMÃO, 2001).

Zakas (2006) salienta que muitos autores tem se dedicado a pesquisar a relevância do volume total de alongamento a ser aplicado para que se possa gerar algum efeito benéfico a partir dele. Entretanto, alguns estudos apontam que a técnica estática pode também resultar em déficit agudo no desempenho dos grupos musculares previamente alongados quando realizado em intensidade elevada (BEHM et al., 2004; MAREK et al., 2005). Esses achados tem levado alguns treinadores a desencorajarem a prática de exercícios de alongamento antes de atividades que exijam níveis significativos de força e potência musculares (KOKKONEN et al., 1998).

       A existência de evidências que apontam para o efeito deletério dos exercícios de alongamento sobre desempenho muscular levou pesquisadores a sugerir sua retirada das rotinas de aquecimento que precedem a prática de exercícios físicos (CHURCH, et al., 2001; CORNWELL;NELSON; SIDAWAY, 2002). No entanto, alguns trabalhos não comprovaram o efeito negativo dos exercícios de alongamento sobre as respostas da força muscular (ALPKAYA; KOCEJA, 2007; CRAMER et al., 2007). Alguns estudos relatam a relação entre o tempo da musculatura alongada com o efeito negativo, porém, esses estudos utilizaram de protocolos mais longos que os utilizados nas academias e precedendo esportes (FOWLES, SALE E MACDOUGALL, 2000; WEIR, TINGLEY E ELDER, 2005).

       Tendo esse problema em vista Maranho, Dubiela e Fambrini (2012) avariaram indivíduos treinados e não treinados em programa de treinamento com pesos e utilizaram três avaliações: Sem alongamento, 3×20 segundos e 3×40 segundos visando identificar qual a quantidade seria interessante aplicar sem ter prejuízos. Nos voluntários treinados, o protocolo de 20 segundos não teve efeito algum sobre a força enquanto com 40 segundos reduziu os níveis de força. Já nos sujeitos não treinados, o protocolo de 3×20 aumentou a força no teste isocinético, enquanto 3×40 não houve efeito.

       Os indivíduos não treinados eram mais encurtados que os treinados, talvez isso possa justificar os achados, já que ao efetuar o protocolo de 3×20 segundos o alongamento se tornou perfeito e assim, conseguindo contração máxima, e quando foi aplicado 3×40 segundos em outro dia, passou esse estagio, tendo efeito semelhante.

Encurtamento ou alongamento demasiado tem efeito semelhante em relação a força, ambos não permitem uma contração máxima.

É essencial a avaliação da flexibilidade para poder entender se é interessante ou não utilizar o alongamento precedendo todas as suas sessões de treinamento.