Encurtamento de Isquiotibiais prejudica desempenho de saltos, sprints e chutes em futebolistas?

Escrito pelo Prof. Esp e MBA Danilo Luiz Fambrini

            No futebol, os momentos de maior emoção ocorrem com alta intensidade e tem a necessidade de utilização de alta potência muscular do atleta, como em sprints, desarmes e chutes (HELGERUD, 2004). Não só a potência é importante nesses movimentos, mas a capacidade de coordenação para realizar com eficiência o ciclo estiramento-encurtamento dos grupos musculares exigidos (GARCIA-PINILLOS et al., 2014).

           Portanto, uma flexibilidade limitada faz com que a amplitude de movimento siga o mesmo caminho e acredita-se que tal fato aumenta o risco de lesões dos atletas e prejudica o rendimento em esportes que a flexibilidade tem maior importância (Rahnama, Lees, & Bambaecichi, 2005).

      Diversos artigos tem relatado a relação do encurtamento dos Isquiotibiais com lesões na pratica esportiva (WITVROUW et al., 2003; CROISIER et al., 2008), e reduções no desempenho muscular (LEHANCE et al., 2009).

         Levando em consideração os relatos de Wilson, Murphy e Pryor (1994), um músculo com maior comprimento tem mais gordura em comparação a musculos de menor comprimento, e consequentemente torna a unidade músculo tendinea mais intensas. Tal fator pode aumentar a produção de força contrátil.

       Sabemos que a execução de alongamentos tem um efeito transitório que só exerce efeito permanente se praticada de forma continua por ao menos um determinado período aumentando a flexibilidade e até a força muscular (SHRIER, 2004). (Confira nossa matéria sobre o efeito crônico do alongamento)

         Em estudo atual, Garcia-Pinillos et al. (2015), recrutaram atletas semi-profissionais de futebol e os separaram em dois grupos, sendo um com flexibilidade de isquiotibiais apropriada e o outro grupo era composto por atletas com encurtamento na região. Os autores avaliaram o desempenho em força de chute, impulsão, sprint e teste de agilidade. A expectativa dos autores era de que seguindo a literatura os atletas com encurtamento teriam seu desempenho prejudicado.

          Os resultados corresponderam com a hipótese dos autores e em todas as variáveis o grupo com encurtamento muscular teve desempenho inferior. Com relação a flexibilidade os achados reafirmam a colocação de Favero et al. (2009), no qual, relata que a baixa flexibilidade interfere diretamente no desempenho atlético. A flexibilidade adequada ocasionou interferência positiva no salto vertical assim como nos achados de Turki-Belkhiria et al (2014), os quais, utilizaram um protocolo de alongamento de 8 semanas e notaram melhoras significativas no desempenho de tal capacidade.

        Por se tratar de um esporte que pode ser determinado em um salto, um desarme, um chute ou um sprint providencial, cuidados com relação a essas capacidades que exigem alta intensidade muscular é fundamental.

         Portanto, a utilização de avaliação de flexibilidade da região posterior de coxa (Confira nossa matéria sobre métodos de avaliação de flexibilidade) e protocolos de alongamento podem ser ótimos aliados para a prevenção de lesões musculares e melhorias no desempenho de futebolistas.

Os cuidados com os níveis de alongamento de atletas pode ser determinante para resultados expressivos dentro de esportes que exigem alta intensidade.

 

Você avalia a flexibilidade dos seus atletas com frequência? Qual a ocorrência de encurtamento de isquiotibiais? Comente, grande abraço.

 Referência da imagem: esporte.ig