Gestantes fisicamente ativas e suas necessidades nutricionais

CRÉDITOS: MAYARA GUISSONI

 

            Ao descobrir a gravidez, a mulher se depara com diversas dúvidas com relação a prática de exercícios físicos, alimentação e cuidados em geral. Na matéria de hoje buscaremos esclarecer dúvidas com relação ao estado nutricional das gestantes, em especial as fisicamente ativas. Para isso, será reproduzido o trabalho enviado pela professora Mayara Guissoni.

            Durante a gestação o estado anabólico permanece dinâmico em função das demandas nutricionais, promovendo ajustes contínuos em relação a diversos nutrientes. O ganho de peso que no início do período gestacional é reduzido comparado à fase final, necessita ser permanentemente controlado para evitar a ocorrência de deficiência ou excesso (CAPRILES; SILVA, s/d). O ganho de peso em excesso pode expor a gestante ao desenvolvimento de diversas patologias, tais como hipertensão arterial, diabetes, obesidade pós-parto, macrossomia fetal, além de complicações no parto e puerpério. A ingestão deficiente de energia e nutrientes juntamente com atividade física materna intensa pode comprometer o crescimento e desenvolvimento fetal (BATISTA et al., 2003), por exemplo, os pesos ao nascimento de crianças nascidas de mulheres em países de desenvolvimento durante os meses de trabalho pesado na agricultura são menores dos que os de crianças nascidas em outras épocas do ano (HOWLEY; FRANKS, 2000), por isso, esforços para alcançar um bom estado nutricional materno antes da concepção e durante a gestação são fundamentais (SILVA; CAPRILES, s/d).

            O custo energético da gravidez é estimado em aproximadamente 80.000 Kcal ou 300 Kcal/dia. Isso é necessário para cobrir a síntese de tecido materno como útero, mamas, gordura e para compensar o metabolismo aumentado decorrente de incremento da atividade dos sistemas cardiovascular, respiratório e urinário e a adição do metabolismo fetal (GHORAYEB; BARROS, 2004).

            É comum que a gestante reduza sua atividade física, não apenas devido às demandas impostas pelo feto em crescimento, instabilidade mecânica e afrouxamento das articulações, mas também pela sensação de lassitude e sonolência provocada pelo aumento dos hormônios, principalmente progesterona (ARTAL et al., 1999).

            A gravidez é descrita como estado diabetogênico, durante o qual são observados diversos graus de intolerância a carboidratos.

Com exercício leve, os depósitos de energia mobilizados são provenientes predominantemente de gordura. À medida que aumenta o nível de exercício, existe maior contribuição dos carboidratos (ARTAL, 1999), o que pode ser benéfico para a gestante diabética, mas não para as que apresentam tendências à hipoglicemia.

            A hipoglicemia materna pode estar associada ao exercício extenuante durante o último trimestre da gravidez. A redução na glicose sangüínea pode resultar da maior captação de glicose pelo feto e pela mãe, das menores reservas hepáticas maternas de glicogênio ou de uma glicogenólise hepática materna reduzida (MAGANHA et al., 2003). Deve se reduzir a oportunidade da ocorrência de hipoglicemia com uma maior ingestão de carboidratos (por exemplo, 30 a 50 g) com o alimento e/ou uma bebida apropriada para o esporte antes de exercitar-se (ARMSTRONG, 2007).

            Com base no conhecimento atual, a energia parece ser a principal preocupação nutricional para a gestante fisicamente ativa. Se as necessidades energéticas forem atendidas, parece provável que as outras necessidades nutricionais sejam satisfeitas, desde que uma grande variedade de alimentos seja consumida.

            O apetite materno pode ser o melhor indicador de necessidades energéticas totais, e todas as mulheres devem ser orientadas a comer de acordo com seu apetite. Esse conselho, no entanto, não significa que a ingestão de alimentos não deva ser controlada. O ritmo de ganho de peso materno é a melhor medida clínica da adequação da ingestão materna de energia. O ganho de peso de uma gestante fisicamente ativa deve ser monitorizado mensalmente durante toda a gestação. Se o ritmo de ganho se desviar dos intervalos em torno da curva normal em qualquer momento, a ingestão de energia diária deve ser estimada usando um relatório de 24 horas de todo alimento ingerido e a ingestão deve ser ajustada adequadamente (BUTTERFIELD; KING, 1999).

Fique atento ás próximas publicações. Traremos mais informações sobre gestantes.