Escrito pelo Prof. Esp e MBA Danilo Luiz Fambrini
A obesidade é um dos grandes fatores de risco para problemas cardiovasculares e limitações motoras. Cientes disso, pesquisadores tem se mostrado dedicados a minimizar o número de pessoas acometidas pelo sobre peso.
Para tal, formas de conscientização, bem como, ferramentas de mensuração são propostas com o passar dos anos.
O índice de massa corporal (IMC) tem sido utilizado por anos como uma ferramenta para mensurar a existência de sobre peso na população. No entanto, algumas limitações do método impedem que ele seja totalmente efetivo.
Uma grande limitação do IMC é o fato de mensurar o valor em Kg/m², o que não distingue massa muscular de gordura corporal e nem mesmo os tipos de gordura envolvidos na composição do individuo (ASHWELL & GIBSON, 2014).
A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1998, indicou que não é na quantidade total de gordura corporal que deve ser dada a importância, mas sim, pela gordura corporal localizada na região central, pois, esta região tem maior influência em doenças cardiovasculares quando comparadas com a gordura periférica.
Com o uso de ferramentas de imagem como a Tomografia computadorizada e a Ressonância magnética foi possível analisar que pessoas com forma física “Andróide” (Maçã) tem maior tendência a ter concentração de gordura visceral, enquanto pessoas com forma “Ginóide” (Pêra) normalmente tem maior concentração de gordura subcutânea (SEIDEL et al., 1990).
Proposta de utilização da relação Cintura-altura como forma de monitoramento para redução de risco.
A relação cintura-altura foi originada aparentemente simultaneamente no Japão (HSIE & YOSHINAGA, 1995) e no Reino Unido (ASHWELL, 1995), como uma forma de triagem de fatores de risco. Sugere-se que valores acima de 0,5 são caracterizados como de grande risco para a saúde.
Abaixo confira informações relevantes sobre a utilização da relação cintura-altura com relação à morbidade e mortalidade.
Morbidade
Estudo comparativo entre relação cintura-altura, IMC e circunferência de cintura foi efetuada onde utilizando a revisão de 78 estudos foi notada uma forte relação entre a relação cintura-altura e circunferência com as patologias analisadas, sendo elas: fatores de risco metabólicos e diabetes, ao contrário do IMC (BROWNING, HSIE & ASHWELL, 2010).
O mesmo estudo, sugere que a relação de 0,5 encontrada na cintura-altura é apropriada para qualquer idade e em diversas populações foram avaliadas essa proposta.
Mortalidade
Um estudo muito importante que indica a importância da relação cintura-altura é a Pesquisa de saúde e estilo de vida, que ocorre de forma longitudinal, e acompanha o desenvolvimento de patologias ao longo de 20 anos nos países do Reino Unido.
O estudo comparou a relação cintura-altura e o IMC, visando identificar qual método alcançava melhor correlação com a mortalidade. Os pesquisadores encontraram melhores resultados na relação cintura-altura em comparação ao IMC (COX, 1988).
Quantas pessoas com valores “normais” de IMC estão em risco pela relação cintura-altura?
Estudo de Rey-Lopez et al. (2014) buscou mensurar o número de avaliados que se enquadrariam como fora de risco para o IMC e estariam em risco para a
relação cintura-altura, onde encontraram que a cada 4 avaliados com IMC ideal, um deles estaria em risco para a relação cintura-altura, um número elevado, o que pode ocorrer devido ao segundo método mensurar com maior precisão a gordura localizada na região abdominal.
Considerações
Aparentemente existem confirmações cientificas que indiquem que a relação cintura-altura é um melhor método para triagem de pacientes com fatores de risco de doenças cardiovasculares e obesidade em comparação ao IMC.
A utilização do IMC pode levar a 25% dos pacientes serem “ignorados”, podendo aumentar seu risco com relação á saúde devido á falha na avaliação.