O que é Esporão de calcâneo?

Escrito pelo Prof. Esp e MBA Danilo Luiz Fambrini

O esporão de calcâneo ou fascite plantar é uma síndrome muito ocorrente, principalmente em homens com idade entre 40 e 70 anos, bem como atletas, em especial os corredores.

A síndrome dolorosa na região do calcanhar teve sua primeira descrição em 1812 e as causas ainda não são totalmente definidas, apesar de alguns fatores poderem contribuir, como inflamação da fáscia plantar provocada por evento traumático que envolva forças de tração (LAPIDUS e GUIDOTTI, 1965), avulsão da fáscia plantar, fratura de estresse do calcâneo, neuropatia compressiva dos nervos plantares (TANZ, 1963) esporão plantar do calcâneo e atrofia senil do coxim gorduroso plantar.

A fascite plantar é a principal causa das dores na região do calcanhar, onde estima-se que uma a cada 10 pessoas tenha esse incomodo durante a vida (CRAWFORD e THOMSON, 2003). Durante a fase de apoio da marcha ocorre compressão na planta do pé e uma força de tração é gerada ao longo da fáscia. Durante o caminhar, a cada passo a fáscia é submetida a repetitivas forças de tração. Quando essas forças são aplicadas sucessivamente, com frequência e intensidade aumentadas, pode ocorrer degeneração progressiva na origem da fáscia plantar.

Provavelmente, o esporão de calcâneo é consequência da inflamação crônica provocada por tração traumática repetitiva na origem da fáscia plantar e do músculo flexor curto dos dedos.

Alguns autores acreditam que a causa da dor no calcanhar esteja associada com o coxim gorduroso do calcanhar. Se trata de uma importante estrutura responsável pela absorção do impacto durante o apoio do calcanhar no solo. Com o envelhecimento, alterações degenerativas associadas à redução gradual de colágeno e de líquido provocam a redução na elasticidade do coxim gorduroso. Após aproximadamente 40 anos o coxim gorduroso plantar começa a se deteriorar, com perda do colágeno, do tecido elástico e de água, o que provoca diminuição na sua espessura e altura. Essas alterações resultam na

redução da sua capacidade de absorver impacto e reduzem sua ação protetora da tuberosidade plantar do calcâneo (JAHSS, KUMMER e MICHELSON,1992).

Vários estudos associam o peso corpóreo como causa da dor subcalcânea e observa-se uma alta incidência nos pacientes obesos ou acima do peso (GILL e KIBSAK, 1996).

Nos pacientes com dor subcalcânea, deve-se investigar a possibilidade de outros fatores causais, tais como: artrite reumatóide, osteoartrite, espondilite ancilosante, síndrome de Reiter e fratura de estresse do calcâneo. Nos pacientes diabéticos, deve-se pesquisar a possibilidade de abscesso profundo nas partes moles. Em crianças mais novas, a causa mais comum de dor subcalcânea é a apofisite do calcâneo (doença de Sever) (BAXTER e PFEFFER, 1992).

QUADRO CLINICO

O paciente normalmente se queixa de dor na face interna do calcanhar. Em raras ocasiões pode ocorrer dor intensa, com início abrupto, causada por avulsão traumática da fáscia plantar na sua inserção junto à tuberosidade calcânea. Independentemente da forma como os sintomas se iniciam, o curso clínico geralmente é similar. A dor é pior logo de manhã, ao apoiar o pé no solo pela primeira vez, e torna-se menos intensa após iniciar os primeiros passos. No fim do dia a dor torna-se mais intensa e é aliviada pelo repouso do pé. Quando a dor torna-se mais intensa, o paciente não é capaz de apoiar o peso do corpo nos calcanhares.

Os sintomas podem persistir durante poucas semanas ou mesmo até alguns anos. Nos casos nos quais existe encarceramento do primeiro ramo do nervo plantar lateral (nervo para o músculo abdutor do quinto dedo), a dor irradia-se também proximal e distalmente ao longo do pé e segue o trajeto do nervo (ACEVEDO e BESKIN, 1998).

A força dos músculos que cruzam a área na qual o paciente refere dor deve ser pesquisada para verificar se os sintomas são reproduzidos com a contração muscular.