Os riscos da suplementação sem a orientação do nutricionista

Escrito pelo Prof. Esp e MBA Danilo Luiz Fambrini

A alimentação visando a melhoria do desempenho nas práticas de exercícios físicos tem relatos históricos tão antigos quanto a participação do homem nessas atividades. Desde a Grécia Antiga os atletas da época utilizavam uma alimentação diferenciada com o intuito de aumentar sua performance e alcançar um melhor resultado nas provas (VIEBIG, 2007).

A suplementação alimentar é um ramo que vem crescendo diariamente e a todo momento novas formulas são elaboradas e marcas são criadas, sendo com diversos objetivos, como redução de gordura corporal, aumento de massa muscular e desempenho físico (BACURAU, 2007).

A Resolução CFN N°380/ 2005 define suplemento nutricionais como alimentos que contendo calorias e ou nutrientes tem a função de complementar a dieta de uma pessoa onde a sua alimentação rotineira seja insuficiente para determinado objetivo, seja ele por saúde ou desempenho físico.

Infelizmente atualmente no Brasil existem muitos praticantes de exercícios físicos utilizando de suplementos nutricionais sem o acompanhamento adequado de um profissional nutricionista, o que é inaceitável tendo em vista os riscos decorrentes de tal prática sem acompanhamento.

Como todo mercado que cresce de maneira elevada, nem todos oferecem produtos adequados e dentro da lei. O mesmo ocorre com os suplementos onde em diversos lugares podem ser encontrados produtos fora dos padrões e proibidos por lei (CARVALHO, 2010), mais um motivo para sempre consultar um nutricionista esportivo, de preferência um com bom senso.

Segundo Jesus e Silva (2008), os suplementos normalmente tem um ou a combinação de vários desses ingredientes: vitaminas (A,C, complexo B), minerais (Fe, Ca, K, Zn); ervas e botânicos (ginseng, guaraná em pó); aminoácidos(BCAA, arginina, ornitina, glutamina), metabólitos (creatina, Lcarnitina); extratos (levedura de cerveja).

A comercialização de suplementos ocorre em diversos locais, como farmácias, lojas especializadas em suplementos, academias, internet, o que permite a utilização sem prescrição adequada e o profissional que normalmente acaba estando mais próximo dos usuários é o profissional de Educação Física (ALBUQUERQUE, 2012), no qual, apesar de normalmente ter algum conhecimento sobre o produto, não deve prescrever.

Infelizmente ocorre muita ausência de informação no consumo dessas substâncias. A grande maioria não tem comprovação científica e pode causar danos a saúde do consumidor caso não haja acompanhamento adequado de um profissional capacitado (BACURAU,2007; FERREIRA, 2008; PHILLIPPS, 2011).

Normalmente o uso sem prescrição é induzido por amigos, vendedores, treinadores e instrutores dos praticantes de exercícios físicos (GOMES, 2008). De acordo com a resolução do Conselho Federal de Nutricionista nº 380/2005, que dispõe sobre a definição das áreas de atuação do profissional nutricionista e suas atribuições, delibera como atribuição privativa do nutricionista a prescrição de suplementos necessários à complementação da dieta na área de nutrição em esportes. Dessa forma é imprescindível a orientação do nutricionista na utilização de suplementos (Lei nº 8.234 de 17 de setembro de 1991, artigo 4º, VII CFN).

Como efeitos da utilização de suplementos sem orientação do nutricionista podemos destacar riscos a saúde como: fraqueza, indisposição, baixa imunidade, fome extrema, tontura, cansaço, insônia, dor de cabeça, mudanças de humor, ficando assim mais suscetíveis as infecções, deficiências de nutrientes e algumas doenças como úlceras e anemia, dependentes da substância e quantidade utilizada (DAMILANO,2006).

O ferro, por exemplo, é um elemento que sendo consumido em excesso aumenta a produção de radicais livres e consequentemente acelera o envelhecimento. Além disso, pode causar problemas no coração como insuficiência cardiaca e afeta o figado podendo ocasionar cirrose. Outros elementos que ao serem consumidos excessivamente podem trazer problemas são o manganês e o cálcio que prejudicam o cérebro, porém, o cálcio segundo a literatura ainda tem o atenuante de piorar as doenças neurodegenerativas, como Alzheimer, mal de Parkinson e demências (W.RONDÓ MEDICAL CENTER, 2011).

Os suplementos que contém cápsulas com a combinação de diversos nutrientes e minerais pode trazer problemas com relação a intoxicação, tendo em vista que em sua composição traga nutrientes que o praticante não necessita. Por outro lado, pode ocorrer a ausência de nutrientes importantes para a prática do exercício, prejudicando o desempenho (SOCIEDADE BENEFICENTE ISRAELISTA BRASILEIRA HOSPITAL ALBERT EINSTEIN,2009).

Os termogenicos ou estimulantes do sistema nervoso central tem a função de melhora da performance, redução de sono e são utilizados também para auxiliar na redução de gordura corporal. No entanto, pode levar ao aumento da pressão arterial frequência cardíaca, propensão a arritmias cardíacas, espasmo coronariano e isquemia miocárdica em pessoas suscetíveis. Interferindo no sono, causam tremores, agitação, redução da coordenação motora e ainda a possibilidade de desencadearem dependência psicológica (CARVALHO,2010).

Muitos suplementos, como os esteróides anabolizantes ou pré hormônios, tem evidencias que podem englobar diversas substâncias proibidas para a comercialização. Certos suplementos possuem na sua fórmula ingredientes ou componentes com propriedades terapêuticas, que não devem ser consumidas sem acompanhamento médico ou nutricional, pois podem ocasionar intoxicação, disfunções metabólicas, danos cardiovasculares, alterações do sistema nervoso e em alguns casos, levar á óbito (PARRA, 2011).

Outras substâncias muito utilizadas são a creatina e a glutamina, a primeira, se for utilizada sem acompanhamento pode ocasionar problemas renais, a segunda pode alterar a glutamina corporal durante o exercício intenso e prolongado, que causa a redução da concentração plasmática e tecidual deste aminoácido, agindo na imuno competência do atleta, aumentando a incidência de infecções do trato respiratório superior (AOKI, 2004; ROGERO, 2003).

Considerações

Os suplementos alimentares podem ser muito interessantes para a prática esportiva, porém, devem ter o acompanhamento adequado de um nutricionista esportivo para que não haja excessos ou ausências de nutrientes, evitando problemas futuros.