Suplementação com Creatina afeta a função renal?

Escrito pelo Prof. Esp e MBA Danilo Luiz Fambrini

Desde que Harris et al. (1992) encontrou em seu estudo que a suplementação de creatina (20g por dia durante 7 dias) aumentava em 20% a creatina muscular, muito foi investigado sobre esse complemento alimentar no rendimento esportivo. Atualmente existem relatos positivos no que diz respeito a atividades intermitentes de alta intensidade e curta duração como consta no estudo de Terjung et al. (2000).

Tal suplementação pode trazer benefícios como em certos acometimentos neuromusculares (FERRANTE et al.,2000; PEARLMAN, FIELDING, 2006), doenças crônico-degenerativas (BENDER, 2006) e tolerância a glicose (GUALANO et al., 2007). Por outro lado também gera muita desconfiança devido a hipotese de causar problemas renais.

Muitas duvidas giram em torno da utilização da creatina, pois, estudos de caso relatam efeitos deletérios na função renal enquanto estudos longitudinais apesar de terem falhas metodológicas relatam a segurança deste. (GUALANO et al., 2008).

O primeiro relato que levou a crer em efeitos negativos da suplementação de creatina foi quando os nefrologistas Pritchard e Claura fizeram um estudo de caso em 1998 e três dias após a Europa toda já estava alarmando leitores indicando que estava diretamente relacionada a disfunção renal, alterações hepáticas e até poderia levar a morte, relacionando até a morte de 3 lutadores de greco-romana, onde posteriormente, foi desmentida a relação pela policia local, onde foi identificado que apenas um desses três fazia uso da creatina (POORTAMANS et al., 2000).

Apoiados nesse primeiro achado e na divulgação da mídia sensacionalista, vários países proibiram a comercialização dessa substancia, porém, o Comitê Olímpico Internacional (COI) não interferiu considera a creatina como um complemento alimentar e não uma droga.

É comum muitos profissionais da área da saúde criticarem firmemente a utilização de creatina utilizando uma teoria simples e tem sua lógica: a creatina e convertida espontaneamente a creatinina, a qual e excretada pelos rins. O  excesso de creatinina pela suplementação ocasionaria uma sobrecarga renal (GUALANO et al., 2008).

Recomendações

Devido a ausência de embasamento cientifico preciso, algumas sugestões se fazem necessárias:

Em caso de pessoas que já tenham alguma disfunção renal é interessante evitar o consumo de creatina, que nesse caso, tende a aumentar as chances de complicações.

Sugere-se quantidades de 5g por dia, na literatura não foram encontrados relatos seguros com quantidades maiores.

A pratica de exercício físico intenso pode ser a combinação perfeita para esse suplemento, pois, em achados de Gualano et al. (2006) a pratica com 70% do VO2 máximo, 3 vezes por semana durante 40 minutos apresentou melhorias na capacidade renal.

Populações como idosos, crianças, diabéticos e gestantes não foram analisadas em estudos. Nenhuma sugestão deve ser levada como verdade absoluta.

Referência da imagem: Seligalinks