Treinamento com pesos tradicional ou circuito, qual é o mais eficiente no gasto energético?

Escrito pelo Prof. Especialista, MBA e mestrando Danilo Luiz Fambrini

      O treinamento com pesos tradicional (TPT) é um método muito utilizado para a melhoria da aptidão física, aumento da força muscular, hipertrofia, resistência e potência. Recentemente vem ganhando espaço como uma possibilidade no controle ponderal (balanço entre ingestão e gasto calórico). Para que se possa alcançar as metas estipuladas pelo aluno, o profissional precisa adequar uma serie de variáveis, sendo elas, numero de series e repetições, intensidade de treinamento, velocidade de execução, seleção e ordem dos exercícios e o intervalo de recuperação (ACSM, 2009; BIRD, TAPENNING e MARINO, 2005).

      Já o treinamento em circuito (TC), caracterizado pela execução de uma sequência de exercícios com intervalo apenas ao final da execução de uma serie em cada “estação”. Estudos relatam que o TC traz benefícios para a capacidade cardiorrespiratória, aptidão física, força muscular, coordenação e alteram a composição corporal (JACOBS et al., 2001; ALCARAZ, SANCHEZ-LORENTE e BLAZEVICH, 2008).

      Alguns estudos encontraram um maior gasto energético no método em circuido em comparação ao treinamento com pesos, porém, a avaliação foi feita pelo trabalho total na sessão de treinamento e não equiparando o tempo e o volume de trabalho entre eles, e não analisando o gasto energético anaeróbio, tornando assim, discutíveis os resultados (ELLIOT et al., 1992; PICHON et al., 1996). Quando busca-se calcular o gasto embasado no trabalho realizado, nota-se maior dispêndio energético do treinamento com pesos mesmo com trabalho total inferior.

    Aniceto et al. (2013), elaboraram um estudo comparativo entre o treinamento com pesos e o treinamento em circuito, onde utilizando como voluntários sujeitos entre 18 e 30 anos, analisando o gasto energético aeróbio, anaeróbio e total. Os pesquisadores encontraram valores metabólicos basais semelhantes, dessa forma, os grupos saíram de um mesmo patamar. Os resultados mostraram um gasto energético anaeróbio maior no TP e aeróbio maior no TC, com relação ao gasto energético total, não houve diferença significativa entre os métodos.

    O mesmo estudo encontrou maiores valores de lactato produzido pelo TP em comparação ao TC, devido a um padrão diferente de recrutamento de fibras para a tarefa. É possível que a produção de lactato do circuito produzido pelas fibras do tipo II foi reduzido devido a maior remoção do lactato pelas fibras do tipo I, tal ocorrido pode ter sido influenciado pelo aumento do fluxo sanguíneos (Conheça os tipos de fibra muscular).

   O gasto energético aeróbio no intervalo entre as séries é o momento de maior consumo energético devido á ressintese de ATP para a sequência da atividade, isso se dá pelo consumo de oxigênio excessivo pós exercício (EPOC). No período de recuperação a energia obtida se da quase que inteiramente pelas vias aeróbias, necessitando de substratos como lactato e gordura (SCOTT, 2011). Devido a maior concentração de lactato, o TP parece ser mais sujeito ao gasto energético no intervalo.

Aparentemente não há diferença no gasto energético entre o método em circuito e o treinamento com pesos tradicional, sugerindo que ambos podem ser utilizados para a finalidade de otimizar o gasto energético. O treinamento com pesos leva vantagem devido a sua capacidade de melhoria no metabolismo anaeróbio, que pode a longo prazo pode trazer melhores resultados.