Escrito pelo Prof. Esp e MBA Danilo Luiz Fambrini
Atualmente muito se fala sobre Glúten, desde os prós e contras até a intolerância a tal componente proveniente do trigo. Hoje, no mundo 1 a 1,5% da população sofre com doença Celíaca que se trata da intolerância ao Glúten e 0,1% tem alergia ao trigo.
Esse grupo que vem crescendo com o passar do tempo necessita de uma dieta totalmente isenta de Glúten, e tal alimentação é benéfica para um grupo maior que vai de 5 a 10% da população mundial, aos quais tem a sensibilidade ao glúten, porém, para ter efeito colateral semelhante aos da doença Celíaca é necessário um consumo maior (Fritscher et al., 2012; Hadjivassiliou et al., 2010; Mancini et al., 2011; Sapone et al., 2012). Embora tenham intensidades diferentes, os dois tipos de sensibilidade devem ser tratados com dieta semelhante (Harris Meyer, 2013).
A adesão da alimentação isenta de Glúten tem crescido rapidamente alcançando cerca de 28% de 2008 a 2012. O curioso é que o costume vem sendo adotado por atletas não celíacos e os motivos são diversos: A crença de que a alimentação sem glúten é mais saudável, a crença de que eliminando glúten irá diminuir a inflamação gastrointestinal e como forma de prevenção da doença Celíaca (Harris Meyer, 2013). No entanto, alguns problemas podem dificultar tal alimentação: A natureza restritiva da dieta, o risco de qualidade inferior ingestão de nutrientes, dificuldade de encontrar tais alimentos em determinados locais, e o valor elevado desses produtos (Saturni et al, 2010; Stevens Rashid, 2008).
Em estudo muito interessante elaborado por Lis et al. (2015), foram avaliados por meio de questionário 910 atletas dos mais diversos níveis dentro de um período de 38 dias e o intuito foi de identificar a popularidade, frequência e os motivos para a utilização da dieta isenta de Glúten. 41% dos atletas utilizaram a dieta em mais de 50% do tempo,o que é surpreendente já
que estudo relata que apenas 5-10% dos sujeitos podem se beneficiar clinicamente com a dieta isenta de Glúten (Hadjivassiliou et al., 2010).
Outro dado encontrado foi o motivo da aquisição do hábito, no qual, 57% optaram por essa dieta sem nenhum tipo de indicação, 10% por ter sido identificado por exame alguma sensibilidade á Glúten, 9% por indicação do treinador ou fisioterapeuta,9% por terem Síndrome do intestino irritável, 2% por caso de doença Celíaca na família e apenas 0,5% por indicação da nutricionista, 12,5% por outros motivos.
Após a aquisição do costume, 80% dos atletas que utilização a dieta por mais de 50% do tempo mostraram reduções de diarréia, gases e fadiga, sintomas que pensa-se serem relacionados ao consumo de glúten. Alguns reflexos da aderência a dieta mencionada pelos atletas, porém, sem comprovação científica foi a melhoria do desempenho e da composição corporal, tais relatos foram mencionados pela maioria dos atletas. Fator que pode suportar essa hipótese é que apesar do exercício pode aumentar a permeabilidade intestinal, dietas com elevado consumo de carboidratos podem contribuir para disfunções gastrointestinais (Pfeiffer et al., 2009, 2012; Van Wijck et al., 2011).
Harrys Meyer (2013) destaca a importância dos exames para constatação da doença Celíaca ou sensibilidade ao Glúten antes da retirada deste da dieta de atletas, pois, pode comprometer uma dieta perfeita de um atleta que não é intolerante e prejudicar seu desempenho em competições. A redução drástica de carboidratos pode prejudicar a produção de energia para o atleta (LOUCKS, 2004).
Martin Houson (2013) destaca a possibilidade de placebo na prática da dieta por atletas não intolerantes e que o efeito ergogênico aconteceria de 1-3% dessa população. Outro fator que deve ser levado em consideração é que a restrição da dieta pode levar à deficiência de nutrientes como o vitaminas do complexo B, ferro e fibra, se fazendo fundamental o acompanhamento profissional (GAESSER ANGADI, 2012).
Dessa forma, praticantes de exercícios físicos e atletas que pretendem remover o Glúten de sua dieta necessitam de acompanhamento Médico e nutricional para que não seja prejudicado em seus treinos e competições.
O acompanhamento profissional é fundamental para alterações extremas na dieta e a auto-prescrição pode trazer diversos malefícios.
Referência da imagem: clubdofitness