Efeitos da Creatina e o Treinamento com Pesos sobre a saúde óssea de mulheres na pós-menopausa

Escrito por Prof. Esp. MBA Danilo Luiz Fambrini

 

A osteoporose é uma das principais patologias que acometem a população durante o envelhecimento (TARRIDE et al., 2012). No período da pós-menopausa o número de fraturas aumenta, em especial, no quadril. Tal fratura é capaz de impossibilitar a mulher de realizar suas atividades rotineiras e podendo acentuar o risco de morte (JOHNELL & CANIS, 2005).

Intervenções no estilo de vida da mulher idosa se fazem necessárias para a prevenção da osteoporose. Para tal, exercícios físicos tem efeitos benéficos, no entanto, com relação ao fêmur e a coluna lombar os efeitos não são acentuados (1 ou 2% ao ano) (BONAIUTI et al., 2002).

A creatina é um composto que contém nitrogênio naturalmente produzido no corpo e/ou consumidas na dieta de carne vermelha e frutos do mar (WYSS & KADDURAH-DOUK, 2000). A suplementação com creatina pode elevar a ressíntese de ATP (adenosina trifosfato), fornecendo melhorias na recuperação muscular e na resistência do mesmo (GOTSHALK et al., 2008).

Outra hipótese levantada em estudos relacionados a creatina, é que a mesma poderia estimular o aumento da massa magra. Este aumento poderia levar a um aumento na força muscular e durante o treinamento, aumentar a tensão induzida no osso, estimulando a formação óssea (CHILIBECK et al., 1995).

Além dessa interação possível músculo-osso, creatina pode ter um efeito direto no osso, porque células ósseas dependem da reação da creatina quinase para ressíntese de adenosina trifosfato de fosfocreatina e difosfato de adenosina (WALLIMANN & HEMMER, 1994).

Estudo menciona que a adição de creatina na dieta foi capaz de aumentar a atividade metabólica e diferenciação dos osteoblastos, as células envolvidas na formação do osso (GERBER et al., 2005). Suplementação de creatina pode também afetar osteoclastos, células envolvidas na reabsorção óssea, porque a suplementação da creatina reduz um marcador de reabsorção óssea em jovens homens e mulheres (CORNISH et al., 2009) e em homens mais velhos durante a curto prazo (CANDOW et al., 2008).

Gualano et al. (2014) e Tarnopolsky et al (2007) avaliaram os efeitos da suplementação com creatina por um período de 6 meses para identificar melhorias na saúde óssea de na coluna vertebral e no quadril, respectivamente. No entanto, nenhum dos estudos relatou melhoras significativas, talvez, por efeito do baixo período de intervenção para tal variável.

Considerando as hipóteses citadas acima, Chillibeck et al. (2015), recrutaram um grupo de mulheres em pós menopausa com o intuito de ver os efeitos do treinamento com pesos isolado com ingestão de placebo ou com suplementação com creatina sobre a saúde óssea dessas voluntárias.

Os autores utilizaram um programa de treinamento composto por 3 sessões semanais por um período de 12 meses, visando alterações a longo prazo. Foram avaliadas a densidade mineral óssea em quatro partes: coluna lombar, cabeça do fêmur, quadril de uma forma geral e o corpo todo.

Os achados mostraram que houve neste período apenas melhoras significativas com relação a saúde óssea do colo do fêmur com suplementação de creatina. Com relação as outras estruturas não houve melhoras significativas. Também não foram encontradas diferenças significativas no grupo que ingeriu placebo.

Outro fator interessante avaliado foi o diâmetro externo da diáfise femoral que pode levar a uma maior flexibilidade e força da estrutura óssea, permitindo assim, uma maior segurança para a mulher nesta fase da vida. A importância se dá pelo fato da fratura osteoporótica no colo do fêmur ser muito nociva para as idosas (TARRIDE et al., 2012).

Referências

  • Tarride JE, Hopkins RB, Leslie WD, et al. The burden of illness of osteoporosis in Canada. Osteoporos Int. 2012;23(11):2591–600.
  • Johnell O, Kanis J. Epidemiology of osteoporotic fractures. Osteoporos Int. 2005;16(2 suppl):S3–7.
  • Bonaiuti D, Shea B, Iovine R, et al. Exercise for preventing and treating osteoporosis in postmenopausal women. Cochrane Database Syst Rev. 2002;3:CD000333.
  • Wyss M, Kaddurah-Daouk R. Creatine and creatinine metabolism.Physiol Rev. 2000;80(3):1107–213.
  • Gotshalk LA, Kraemer WJ, Mendonca MA, et al. Creatine supplementation improves muscular performance in older women. Eur J Appl Physiol. 2008;102(2):223–31.
  • Chilibeck PD, Sale DG, Webber CE. Exercise and bone mineral density. Sports Med. 1995;19(2):103–22.
  • Wallimann T, Hemmer W. Creatine kinase in non-muscle tissues and cells. Mol Cell Biochem. 1994;133–134:193–220.
  • Gerber I, ap Gwynn I, Alini M, Wallimann T. Stimulatory effects of creatine on metabolic activity, differentiation and mineralization of primary osteoblast-like cells in monolayer and micromass cell cultures. Eur Cell Mater. 2005;15:108–22.
  • Cornish SM, Candow DG, Jantz NT, et al. Conjugated linoleic acid combined with creatine monohydrate and whey protein supplementation during strength training. Int J Sport Nutr Exerc Metab. 2009;19(1):79–96.
  • Candow DG, Little JP, Chilibeck PD, et al. Low-dose creatine combined with protein during resistance training in older men. Med Sci Sports Exerc. 2008;40(9):1645–52.
  • Tarride JE, Hopkins RB, Leslie WD, et al. The burden of illness of osteoporosis in Canada. Osteoporos Int. 2012;23(11):2591–600.
  • Tarnopolsky M, Zimmer A, Paikin J, et al. Creatine monohydrate and conjugated linoleic acid improve strength and body composition following resistance exercise in older adults. PLoS ONE. 2007;2(10):e991.
  • Gualano B, Macedo AR, Alves CR, et al. Creatine supplementation and resistance training in vulnerable older women: a randomized double-blind placebo-controlled clinical trial. Exp Gerontol. 2014; 53:7–15.