Escrito pelo Prof. Especialista, MBA e mestrando Danilo Luiz Fambrini
O treinamento resistido é um método de uso rotineiro e atualmente se tornou parte da rotina de treinamentos de qualquer modalidade esportiva (ACSM, 2009). Muito utilizado para aumento da aptidão física, resistência, força e potência muscular e para aumento da massa muscular (Peterson et al., 2004; ACSM, 2009), a pratica desse método de treinamento ocasiona um dano muscular temporário devido a tensão exercida durante o treinamento.
A micro lesão muscular está associada a uma sequência complexa de eventos, levando a menor produção de força, elevada circulação de proteínas musculares, inflamação, inchaço muscular e dor muscular tardia (WARREN et al., 1999).
A dor muscular tardia é um fato que pode ter inicio de 24 a 48 horas após a pratica e persistir por até 7 dias, tendo variações de intensidade de acordo com a pessoa (TWIST e ESTON, 2005; NGUYEN et al., 2009). Essa dor muscular decorrente do treinamento é atribuida as lesões ocorrida nos sarcômeros, rompendo partes da linha Z (NGUYEN et al., 2009).
Pesquisadores levantaram a dúvida sobre a possibilidade entre homens e mulheres terem diferentes reações como resultados ao treinamento resistido. Alguns estudos feitos com animais destacaram que as adaptações ao exercício entre as fêmeas eram menores em relação aos homens e isso pode se dar aos efeitos do estrógeno sobre músculo esquelético (KOMULAINEN et al., 1999; ST PIERRE SCHNEIDER et al.,1999). Tais achados levaram outros pesquisadores a pensar que mulheres possam ter menores danos musculares do que homens (STUPKA, 2001).
Flores et al. (2011), buscaram em seu estudo comparar a perda de força, inchaço muscular e dor muscular tardia entre homens e mulheres em exercício exaustivo de flexão de cotovelo. Homens e mulheres apresentaram imensa redução de força pós sessão de treinamento intenso, o que foi diferente entre os gêneros foi a recuperação. Homens mostraram significativa recuperação de força até o quarto dia pós treinamento, porém, mesmo após 96 horas ainda não havia tido recuperação completa, mas sem significância. Já as mulheres não obtiveram recuperação tão rápida quanto apresentou maior déficit de força após 96 horas.
Com relação a inchaço muscular, ambos os sexos tiveram aumento da espessura muscular pós exercício (aproximadamente 12% em homens e 8% em mulheres) e esse fenômeno se manteve significativamente maior ao pré exercício até 96 horas após.
A maior demora para a recuperação da força muscular em mulheres pode se dar pelo fato da utilização do grupo muscular, levando em consideração que homens desde a infância são muito mais ativos que as mulheres (SALLIS, 1993). Gibala et al. (2000) relata que músculos treinados tem recuperação mais rápida em comparação aos destreinados.
Estudos anteriores relatam danos musculares semelhantes entre homens e mulheres, porém, a resposta inflamatória dos homens é mais acentuada (STUPKA et al., 2000; STUPKA et al., 2001). Autores relatam que a resposta inflamatória pode ser um dos ativadores da regeneração muscular (MACKEY et al., 2007; MIKKELSEN et al., 2009). Uma atenuada resposta inflamatória retardaria o processo de recuperação muscular.
Em relação a dor muscular tardia, Sewrigth et al. (2008) e Flores et al. (2011) não encontraram diferenças significativas entre os gêneros e notou ápice da dor muscular tardia 48 horas após o treinamento.
Em resumo, homens e mulheres tem dor muscular tardia semelhante, força e inchaço muscular semelhante logo após o exercício, o que difere os gêneros é a recuperação, onde mulheres aparentemente necessitam de maior tempo para uma recuperação completa.
A prescrição de treinamento deve levar em consideração as características entre os gêneros na fase inicial de treinamento, respeitando um tempo maior de recuperação para as mulheres.
Referência da imagem: Globalfitness