Influência da alimentação e estilo da vida no controle da hipertensão arterial

Escrito pelo Prof. Esp e MBA Danilo Luiz Fambrini

É hipertenso e está com dificuldades para conseguir manter a pressão arterial normalizada? Entenda a influência da alimentação e do estilo de vida sobre esses indicadores.

A hipertensão é uma doença crônica não transmissível que acomete uma porção elevada da população Mundial. Sem dúvidas você já deve ter ouvido falar nela como é conhecida popularmente: “Pressão Alta”, e ela está associada a diversos fatores, como sedentarismo, má alimentação, tabagismo, entre outros (SOARES, FALHEIROS e SANTOS, 2011).

A pressão se trata da força que o fluxo sanguíneo aplica sobre as artérias. Em condições normais a cada contratação cardíaca a pressão aumenta até cerca de 120 mmHg, que corresponderá a pressão sistólica e nos intervalos cardíacos ela cai para cerca de 80 mmHg, valor da pressão diastólica (FONSECA & MESQUITA, 2005).

Já a hipertensão arterial é caracterizada, basicamente, pelo aumento dos níveis da pressão sistólica igual ou acima de 140 mmHg e diastólica igual ou acima de 90 mmHg em adultos. Tal síndrome pode se tornar a causa direta ou indireta de diversos óbitos, decorrentes de acidentes vasculares cerebrais, insuficiência cardíaca, insuficiência renal e infarto do miocárdio. A hipertensão arterial não só afeta idosos, mas também adultos e até mesmo é possível ocorrer em crianças (SOARES, FALHEIROS e SANTOS,2011).

Abaixo relatamos a lista de fatores que influenciam no controle da pressão arterial e fatores de risco para hipertensão:

Consumo excessivo de sódio

O cloreto de sódio é um fator considerado importante no desenvolvimento de hipertensão. O excesso desse nutriente eleva a pressão por aumento da volemia, consequentemente, aumentando o debito cardíaco. Em seguida, por mecanismos de auto-regulação, há aumento da resistência vascular periférica, mantendo elevados os níveis de pressão arterial (CUPPARI, 2005).

A composição do sal é de 40% de sódio e 60% de cloreto (JARDIM, MONOGO e REIS, 2004). O consumo médio de sal da população é em torno de 10 a 12 gramas. O consumo total de sódio pode originar de três fontes: 75% de alimentos processados, 10% de sódio intrínseco e 15% de sal de adição de um modo geral, pode-se recomendar para um paciente hipertenso, 4 a 6g de sal de sal por dia, o que equivale à 1 colher (café ) (ALVES e FERREIRA, 2004). A orientação nutricional a pacientes hipertensos deve preconizar a não ingestão de produtos processados, como enlatados, embutidos, conservas, molhos e temperos prontos, caldos de carne, defumado, bebidas isotônicas, alem da utilização de saleiro à mesa (CUPPARI, 2009).

Controle de peso

O excesso de peso é outro fator para a hipertensão. Estima-se que 20% a 30% da prevalência da hipertensão possam ser explicadas por esta associação, sendo recomendado que o peso corporal esteja dentro do limite do IMC (24,9 kg/m²) (CUPPARI, 2009). O excesso de gordura abdominal (circunferência abdominal maior que 86 cm, para mulheres e 91 cm, para homens) é associado ao aumento, de risco para hipertensão e outros fatores de risco para doenças cardiovasculares (DCV). O risco de desenvolvimento de hipertensão é 2 a 6 vezes maior em indivíduos com sobrepeso em comparação com sujeitos com peso corporal dentro do ideal (KRUMMEL,2002).

Sedentarismo

A prática de exercícios físicos é capaz de reduzir a pressão arterial, além de produzir benefícios adicionais, como a diminuição do peso corporal, diminuição da resistência à insulina e auxilia no controle do estresse (CUPPARI, 2005). A literatura sugere que atividades prolongadas de moderada intensidade sejam executadas por pacientes acometidos pela hipertensão (LATERZA; RONDON & NEGRÃO, 2007).

Ingestão de bebidas alcoólicas

O consumo de bebidas alcoólicas altera a pressão arterial, sendo aconselhável que hipertensos não façam uso desses produtos. Para hipertensos que consomem álcool, a quantia de 30 ml de etanol/dia é sugerida como o máximo. Isso corresponde a 60 mL de bebidas destiladas, 240 mL de vinho ou 720 mL de cerveja. Já para as mulheres, a ingestão não deve ser superior a 15 mL de etanol/dia.(CUPPARI, 2005). Àvila et al (2010) relata em seu trabalho que a ingestão prolongada de álcool pode, além de aumentar a pressão arterial, aumentar o risco de morte por causas cardiovasculares.

Tabagismo

O tabagismo deve ser evitado não somente para controle da pressão arterial, mas visando a redução do risco de câncer, de doenças pulmonares e por constituir risco para doença coronariana, acidente vascular cerebral e morte súbita (CUPPARI, 2005). O fumo provoca o endurecimento das artérias ou arteriosclerose, e como consequência exige maior esforço do coração, ocasionando aumento da pressão (LAGE e OLIVEIRA, 2003). Os hipertensos que fazem uso do tabaco devem ser encorajados a abandonar o hábito, visando maior longevidade.

Café

Existe pouco material relacionado ao café e sua influência sobre a pressão arterial. Sugere-se que a ocorrência de alterações seja devido ao excessivo consumo da cafeína (OLIVEIRA, MAGALHÃES e VERDE, 2014).

Estresse

O estresse tem sido relatado também como um fator de risco para a hipertensão. As alterações fisiológicas associadas ao stress podem estar relacionadas ao aumento da pressão arterial e acredita-se que, quando o stress é frequente, pessoas predispostas à hipertensão podem desenvolver a doença (MALAGRIS, 2013).

Terapia Nutricional

O tratamento nutricional é essencial para o controle da pressão arterial. O controle da hipertensão arterial por meio de alterações na alimentação visa o

controle da pressão arterial, bem como, redução do risco de graves doenças cardíacas. (LAGE & OLIVEIRA,2003).

Potássio

Dietas ricas em potássio devem ser incentivadas uma vez que elas aumentam os benefícios da dieta hipossódica (baixa consumo de sódio). O potássio leva a redução dos níveis de pressão arterial devido ao aumento da natriurese, diminuição da secreção de renina e norepinefrina e aumento de secreção de prostaglândinas (CUPPARI, 2005).

Existem alimentos que possuem com alto teor de potássio, sendo eles: feijão, grão-de-bico, ervilha fresca, ervilha seca, aveia, germe de trigo, beterraba, batata, rabanete, mandioca, cenoura cará, salsa, almeirão, couve-de-bruxelas, couve-manteiga, chicória, espinafre, amora, abacate, banana, cereja crua, melão, maracujá, entre outros.

Cálcio

O consumo de cálcio seja ele por meio do leite ou de outras formas tem sido considerada uma ótima ferramenta para a prevenção de AVC (MAHAN & ESCOTT-STUMP, 2010). Consumo em torno de 600 mg/dia ou mais de Ca. tem sido consideradas ideais para ter um efeito benéfico com relação á pressão arterial. Suas principais fontes são de leite e derivados, vegetais folhosos, sardinhas e salmão (JARDIM; MONEGO & REIS, 2004).

Magnésio

O magnésio tem uma ótima função inibidora da contração do músculo liso vascular e pode controlar a pressão arterial como vasodilatador. Encontra-se grande quantidade de magnésio em verduras folhosas verdes, castanhas, pães e cereais integrais (MAHAN & ESCOTT-STUMP, 2010).

Fibras

As fibras atuam na prevenção da hipertensão. São fibras alimentares todos os polissacarídeos vegetais da dieta (celulose, hemicelulose, pectinas, gomas e mucilagens). Tomando-se por base suas propriedades de solubilidade em água, as fibras são diferenciadas em solúveis (pectinas, gomas, mucilagens e algumas hemicelulose), por exemplo, farelo de aveia e cenoura cozida. E insolúveis (lignina, celulose e hemicelulose), como exemplo podemos citar: farelo de trigo, leguminosos e folhosos. As fibras alimentares aumentam o volume de evacuações promovendo regulação do tempo de trânsito intestinal e diminuindo a pressão da luz intestinal (LAGE & OLIVEIRA, 2003).