Em sua edição desta segunda-feira (01/02) o jornal italiano Gazzetta dello Sport publica uma matéria revelando uma forma de doping tecnológico que é muito mais sofisticado e custoso que o motorzinho escondido no quadro.
Nas palavras de George Panara, do site mundobici.com.br: “Há mais de seis anos que se fala desses motorzinhos, mas os incrédulos usaram metodologia similar à utilizada para defender Lance Armstrong. Quem acusava e apontava a existência era maluco ou defensor da teoria da conspiração e por aí vai. Porém sempre acreditei que uma pessoa como Davide Cassani, à época comentarista da RAI e atual diretor técnico da Azzurra não colocaria seu nome em xeque ao apresentar tal denúncia em um programa do canal italiano, após duas ações de Fabian Cancellara no mês de abril que deixaram o mundo dos pedais boquiabertos com ataques no Tour de Flandres, aonde Tom Booonen foi ultrapassado como se estivesse ancorado no Grammont, e uma semana depois na Paris-Roubaix despachando um grupo com uma facilidade. Tivemos uma certa calmaria até aquela endiabrada bicicleta do Ryder Hesjedal, na Vuelta de 2014, com a magrela rodopiando sozinha no asfalto numa dança para muitos tida como macabra e não como obra de um motor escondido. A fonte não revelada pelo jornal italiano garante que muito antes de 2010 os motorzinhos estavam no pelotão, inclusive afirmando já ter trabalhado para alguns dos grandes nomes do pelotão.
A UCI bem que andou tentando controlar a situação usou scanners, desmontou bicicletas e as revirou com microcâmeras. Porém há ainda quem tenha questionado a constante troca de rodas de alguns ciclistas durante competições – sob os olhos de muitos estava Alberto Contador.
A descoberta do motorzinho na bicicleta de Femke Van Den Dische no Mundial de ciclocross em Zolder , foi considerado pelo jornal esportivo francês L’Equipe como a queda de Willy Voet que levou à descoberta do Caso Festina no Tour 1998″.
No entanto, o jornal Gazzetta dello Sport trata a questão do motorzinho como algo ultrapassado. O doping agora é eletromagnético está escondido na roda traseira e é para poucos, uma elite patrocinada que pode gastar 10 vezes mais que comprando uma bicicleta “envenenada”; o custo de apenas uma roda pode ser de até 200 mil euros.
Segundo o periódico, se trata de uma tecnologia eletromagnética escondida entre as paredes do aro de perfil alto da roda traseira que se baseia no conceito das e-bikes (pedelec’s ou bicicletas a pedalada assistida), neste caso uma roda a tração assistida aonde quando o ciclista decide aumentar a sua potência basta acionar o dispositivo e ganhar alguns watts de potência na pedalada, provocando muitas vezes arrancadas fora do comum ou uma força extra para se manter ativo nos momentos decisivos.
O jornal ainda traz informações relatadas por um entrevistado. Segundo o Mister X – assim denominada pelo jornal italiano, a pessoa tida como guru do setor do doping eletromecânico e eletromagnético, ambos os sistemas tem algo em comum: “Com a eletricidade é possível fazer mais milagres que com a química, além disso faz menos mal à saúde”.
Ambos sistemas tem público certo, os profissionais e os ciclo-amadores que disputam a fama nas granfondos, sendo que cada um tem exigências diferentes. “Para o primeiro é desnecessária muita potência e torque, 50 ou 60 watts são muito mais do que suficientes. Em contrapartida para o outro são necessários muito torque e potência. O rendimento desses motores melhora muito quando se mantém uma cadência elevada”revela o Mister X
Ainda segundo a fonte na Itália podem tem sido comercializados uns 1200 motores similares ao que foi detectado na bicicleta da ciclista belga. “Quando leio as classificações das granfondos tenho vontade de rir. Poderiam ser reescritas quase todas”.
Abaixo veja imagens da trapaça:
George Panara ainda revela em seu site: “Quando se trata da rodas, a preferência recai sobe modelos de perfil alto em carbono, estas são abertas e no seu interior inseridos os mecanismos e depois são fechadas, coladas e tratadas. A potência disponível para o ciclista é muito menor que no motor instalado no tubo, o equipamento entrega entre 20 e 60 watts, mas são números capazes de transformar um ciclista médio em um fenômeno, por isso é preciso entender a potência de cada ciclista, quando um profissional trabalham em seu limiar, um grande campeão, em seu melhor momento da condição física deve girar entre 410 a 420 watts de potencia. O sistema pode ser acessado via telecomando ou via frequencímetro (monitor cardíaco). “É um sistema tão perfeito que estou certo de que alguns ciclistas não tenham consciência de que estão usando o equipamento, e muitas vezes acham que tiveram um grande dia”.