Necessidades nutricionais e importância dos nutrientes para os jogadores de Futebol

Escrito pelo Prof. Esp e MBA Danilo Luiz Fambrini

Recentemente, o estado nutricional de atletas de futebol se tornou uma grande preocupação para o Staff (Treinador, preparadores físicos, médicos, fisiologistas e nutricionistas). A literatura mostra grande associação do estado nutricional e o nível de desempenho do atleta nos treinamentos e partidas oficiais (ACHTEN, 2004), o que destaca a importância do Nutricionista dentro da comissão técnica.

O profissional nutricionista, sabendo da influência direta da alimentação com o rendimento esportivo, se atenta a diversas estratégias visando os mais diferentes objetivos (ALI et al., 2007), sendo essencial dentro de uma equipe multidisciplinar.

A publicação atual trata das necessidades nutricionais dos jogadores de futebol e estratégias para alcançar o melhor desempenho desses.

Necessidades energéticas

A literatura menciona estimativas de gasto energético e necessidades nutricionais para os futebolistas (CLARK, 1994, BURKE et al., 2006). É uma realidade que a diferença no posicionamento do atleta em campo interfere diretamente na necessidade nutricional do mesmo, onde, por exemplo, meio campistas tem maior gasto energético que zagueiros (EKBLOM, 1993). Dessa forma, as estratégias alimentares são fundamentais, pois, apesar do treinamento ser semelhante para o elenco, diferem de um individuo para o outro, respeitando a especificidade não somente no treinamento, mas na alimentação.

Uma alimentação com balanço energético apropriado possibilita a maior possibilidade de manutenção da massa muscular e possibilita o rendimento ideal para o atleta em questão. No caso de um balanço energético inapropriado, a deficiência calórica impede a recuperação ideal de glicogênio, alterando a composição corporal e consequentemente reduzindo força e resistência muscular (GLEESON, NIEMEN, PEDERSEN, 2004).

Autores citam que a alteração no desempenho ocasionados pela baixa ingestão calórica se da por alterações no sistema imunológico (PERDERSEN, 2000) e no balanço oxidativo (ASCENSÃO et al., 2008).

Por outro lado, a superestimação da necessidade nutricional com ingestões excessivas podem ocasionar efeitos indesejáveis para o atleta, levando a um demasiado volume de gordura corporal e aumento do estresse oxidativo, prejudicando seu rendimento em campo.

Para determinar as necessidades nutricionais, deve-se constar a análise dos parâmetros fisiológicos e bioquímicos, uma anamnese clínica geral e uma anamnese alimentar detalhada (HARAGUCHI & TEIXEIRA, 2013).

Avaliações de capacidade física e de características antropométricas são essenciais para se estimar necessidades nutricionais, onde será determinado se o atleta necessita de redução de gordura corporal ou aumento da massa muscular.

Apesar do balanço energético positivo com a intenção do aumento da massa muscular, o que torna isso possível ao invés de obter aumento de gordura corporal , é a distribuição de nutrientes, onde o balanço ideal de carboidratos e proteínas são determinantes.

Abaixo mencionamos detalhes sobre a necessidade de carboidratos, proteínas, gorduras e hidratação.

Carboidratos

Diversos estudos mencionam que a principal deficiência alimentar em jogadores de futebol é a baixa ingestão de carboidratos (BANGSBO et al., 1992; SANZ-RICO, 1998; GUERRA, 2000).

Hawley et al. (2006) sugere que valores de 7-10g de carboidratos por kg são recomendados para atletas profissionais devido ao seu alto gasto energético, de acordo com o objetivo proposto para o atleta.

A deficiência na ingestão de carboidratos observada por autores resulta em uma baixa reserva de glicogênio (KIRKENDALL, 1993), prejudicando o desempenho do atleta.

Haraguchi e Teixeira (2013), sugerem a ingestão de 200 a 300g em um período de 4 horas precedendo partidas competitivas, sendo ainda possível a ingestão de uma quantia extra de 30 a 60g de 30 a 60 minutos antes do inicio da partida.

Proteínas

A ingestão de uma quantia adequada de proteína é necessária para otimizar os resultados e adaptações ocasionadas pelos treinamentos, no entanto, os valores exatos ainda são incertos. Lemon (1994) sugere que para futebolistas, a quantia de 1,4 a 1,7g por kg seria uma quantia adequada, sendo que ainda, destaca que quantidades extras não trariam benefícios adicionais.

A concentração de proteína durante o dia deve ser distribuída em várias refeições. A utilização de grande quantidade de aminoácidos em poucas refeições, podem gerar uma reserva dessas, aumentando o nível de gordura corporal com o tempo (HARAGUCHI & TEIXEIRA, 2013).

O consumo de proteína precedendo o exercício é de grande valia para potencializar as adaptações ao treinamento (HARBER et al., 2005), bem como, a ingestão da mesma em conjunto aos carboidratos tem influência na síntese protéica pós exercício (TIPTON et al., 2001).

Gorduras

As gorduras também tem importância durante o exercício físico, em especial, durante a prática do Futebol, onde são substratos que permitem ótima contração do músculo esquelético durante a prática esportiva intensa e podem poucas glicogênio para outras fases, como os jogos.

Os valores de gorduras na alimentação são de no máximo 30% da alimentação total e em caso de atletas que devem reduzir a concentração de gordura corporal, devem limitar de 15 a 20% do valor total da alimentação (HARAGUCHI & TEIXEIRA, 2013).

Hidratação

Com relação a hidratação, devido ao vasto território brasileiro e pelos atletas por diversas vezes se encontrarem em partidas e treinamentos em altas temperaturas, deve-se tomar diversas medidas, pois, tal fator pode alterar a termorregulação e desidratação, resultando em fadiga devido a alta depleção de energia.

Medidas como identificar a necessidade individual de cada atleta são necessárias, podendo ser utilizadas a pesagem pré e pós jogo com o intuito de identificar o déficit de hidratação pós esforço.

Para evitar a desidratação durante a partida Haraguchi e Teixeira (2013) sugerem a hidratação com 300-600 ml na refeição pré jogo e de 150-300 ml de líquido a cada 15-20 minutos até 45 minutos pré jogo, tendo em vista que nesse intervalo até a partida o atleta poderá eliminar o liquido em excesso.