O que é Overtraining?

Créditos: Prof. Esp e MBA Danilo Luiz Fambrini

Créditos da imagem: Barbells & Beards

A prática regular de exercícios físicos traz inúmeros benefícios para a vida do praticante, como melhorias na capacidade cardiorrespiratória, melhorias funcionais, controle de pressão arterial e glicemia, aumento da força, coordenação e massa muscular, além da redução da gordura corporal, são alguns dos benefícios.  No entanto, toda prática em excesso não traz somente coisas positivas, e o mesmo ocorre com exercícios físicos. Conheça o Overtraining, um dos vilões da prática excessiva sem orientação adequada.

 

O Overtraining, ou Síndrome do Overtraining, é uma condição que se caracteriza por um conjunto de sinais e sintomas que são consequência de um programa de treinamento mal planejado. A síndrome é encontrada com maior frequência em atletas que são submetidos a treinamentos exaustivos para competições sem preparação adequada por parte de sua equipe de treinamento, ocasionando um excessivo nível de treinamento combinado com baixo volume de recuperação (BUDGETT, 1990). Mas fatores que vão além dos treinamentos também potencializam o Overtraining, sendo eles o estresse, calendário competitivo atribulado, dieta inadequada, entre outros fatores (BUDGETT, 1998).

Acredita-se que a origem da síndrome de overtraining tenha relação direta com a teoria da supercompensação, muito utilizada no meio esportivo, que utiliza o princípio da sobrecarga progressiva. Essa teoria afirma que as reservas energéticas gastas durante o processo de contração muscular são repostas apenas no período de recuperação, ou seja, de descanso. No entanto essa reposição não é feita em proporção igual à condição anterior ao exercício, o que caracteriza o processo de supercompensação (BARBANTI, 1997).

Essa estratégia tem como finalidade reduzir os períodos de intervalo entre uma sessão de treinamento e outra, a fim de se atingir o período de supercompensação apenas em momentos específicos, como no final de uma temporada de treinamento ou previamente a um evento competitivo específico. No entanto, interromper a recuperação de forma equivocada, somada com o aumento da intensidade e volume de treinamento ocasiona um desgaste cada vez mais elevado para o atleta. Essa “exaustão” temporária induzida pelo excesso de treinamento pode ser nomeada overreaching, uma condição facilmente recuperada em curto prazo (FRY & KRAEMER, 1997; LEHMANN et al., 1998).

No entanto, mesmo com todo o risco, nem sempre é observado o resultado esperado dessa estratégia de treinamento, ou seja, a supercompensação seguida de melhora da performance. Em diversos casos são observados diversos sintomas oriundos de uma recuperação dificiente, sintomas da síndrome de overtraining, onde podemos mencionar a fadiga generalizada, depressão, apatia, dores musculares e articulares, infecções do trato respiratório superior e diminuição de apetite, dentre outros. Portanto, tem sido sugerido que o overreaching represente um estágio anterior à ocorrência da síndrome de overtraining, e no caso de não ser controlado, o estado de overreaching pode se converter em overtraining (ROGERO & TIRAPEGUI, 2003).

Machinnon & Hooper (1996) destaca como principal sintoma da síndrome do overtraining a queda do desempenho mesmo sendo precedido por um período de treinamento leve ou de descanso total, sendo que o desequilíbrio entre o treinamento e a recuperação pode levar à fadiga crônica, dores musculares, perda de peso, sono inadequado, alterações no estado de humor e enfermidades freqüentes, principalmente infecções do trato respiratório superior.

A interrupção do treinamento é a forma de tratamento mais comum para a síndrome do overtraining. Essa interrupção tem duração indeterminada e pode durar de semanas a meses (Lehmann et al, 1993).

 

Considerações do autor

Apesar de ser uma condição bem descrita e de enorme preocupação, o Overtraining é muito comum, pois, diversos treinadores em busca de resultados expressivos acabam exagerando nos treinamentos sem o descanso adequado e o que poderia ser uma melhoria no desempenho se torna um grande obstáculo, podendo até mesmo ser um problema crônico para o atleta.

 

Referências

 

  • Budgett R. Overtraining Syndrome. Br J Sports Med; 24: 231-6, 1990.
  • Budgett R, Castell L, Newsholme EA. The overtrainibg syndrome. In: Harries M, Williams C, Stanish WD, Micheli LJ. Ed Oxford textbook of sports medicine. New York; 2ª ed: 367-77, 1998.
  • Barbanti V. Teoria e prática do treinamento desportivo.São Paulo:Edgard Blucher, 1997
  • Fry AC, Kraemer WJ. Resistance exercise overtraining and overreaching. Neuroendocrine responses. Sports Med;23:106-29, 1997.
  • Lehmann M, Foster C, Keul J. Overtraining in endurance athletes: a brief review. Med Sci Sports Exerc; 25: 854-62, 1993.
  • Lehmann M, Foster C, Dickhuth HH, Gastmann U. Autonomic imbalance hypothesis and overtraining syndrome.Med Sci Sports Exerc;30:1140-5, 1998.
  • Mackinnon LT, Hooper SL. Plasma glutamine and upper respiratory tract infection during intensified training in swimmers. Med Sci Sports Exerc; 28: 285-90, 1996.
  • Rogero MM, Tirapegui J. Overtraining– Excesso de treinamento.Nutr Pauta;11:23-30, 2003