Escrito pelo Prof. Esp e MBA Danilo Luiz Fambrini
Assunto que aos poucos vem tomando força dentro de centros de treinamento, a Rabdomiólise vem ganhando notoriedade e se tornando alvo de preocupação para praticantes de exercícios físicos extenuantes. A intenção da presente matéria é destacar os conceitos, causas e sintomas desta patologia.
O termo rabdomiólise origina-se da palavra rabdomio, que significa músculo esquelético, e lise, que significa quebra ou ruptura. Esta síndrome se caracteriza principalmente por danos na musculatura esquelética resultando em extravasamento do conteúdo celular, como: mioglobina, potássio, fosfato, enzimas, entre outros. Entre os seus primeiros sintomas podem incluir mialgias, fraqueza muscular e o escurecimento da urina (CRIDDLE, 2003). Já, segundo Brandão Neto e Pereira (2009), O termo rabdomiólise refere-se à destruição muscular, ocorrendo a liberação de seus componentes celulares na circulação, quando esses componentes são filtrados no glomérulo, podem levar à disfunção renal. Food and Drug Administration (FDA) descrevia inicialmente a rabdomiólise a partir de níveis de CPK acima de 10.000 U/L; mais recentemente, a definição foi modificada para ser considerada apenas quando ocorrer dano secundário em algum órgão (tipicamente insuficiência renal) e acontecer associado a elevação das enzimas musculares.
Manifestações clínicas
A apresentação clínica da rabdomiólise é frequentemente subtil sendo necessário um elevado índice de suspeita diagnóstica.
São descritos sintomas e sinais musculares como mialgias, hipersensibilidade, fraqueza, rigidez e contracturas musculares em apenas 50% dos casos (Gabow, 1982). A presença de sintomas constitucionais como a sensação de mal-estar geral, náuseas, vómitos, febre e palpitações, a diminuição do débito urinário e a alteração da coloração da urina (mais escura, castanho-avermelhada), são outros achados da história clínica a ter em consideração.
Abaixo fica o relato de dois médicos sobre o tema:
“A tríade característica de reclamações em rabdomiólise é dor muscular, fraqueza, e urina escura. No entanto, mais da metade dos pacientes não pode relatar os sintomas musculares. A dor muscular, quando presente, é tipicamente mais proeminente em grupos musculares proximais, como as coxas e ombros e dorsalgia”, afirma o também nefrologista e médico da Unidade de Pronto Atendimento do Einstein dr. Miguel Angelo de Goes Junior.
Outros sintomas, mais comuns em pacientes com quadros graves da síndrome, incluem: mal-estar, febre, taquicardia, náuseas, vômitos e dor abdominal. “Redução da diurese e alteração do estado mental podem ocorrer quando há lesão renal aguda associada”, diz o dr. Goes Junior. (Fonte: einstein.br)
Causas da Rabdomiólise
As causas mais frequentes de rabdomiólise são o consumo de álcool, o exercício físico intenso e excessivo, a compressão muscular traumática e a utilização de alguns fármacos e drogas. Contudo, devemos nos atentar para a origem do problema que normalmente é multifatorial que resulta em uma consequência comum: a morte da célula muscular esquelética com a libertação dos seus constituintes para a circulação sistémica.
Podemos agrupar as causas de rabdomiólise em 10 grandes grupos (GUIMARÃES ROSA et al., 2004):
1) traumáticas;
2)relacionadas com a atividade muscular excessiva;
3) alterações da temperatura corporal;
4) oclusão ou hipoperfusão dos vasos musculares;
5) tóxicas;
6) farmacológicas;
7) alterações eletrolíticas e endócrinas;
8) infecciosas;
9) doenças musculares inflamatórias
10) miopatias metabólicas
Daremos ênfase a ocorrência devido ao exercício extenuante.
Exercício físico excessivo
O exercício físico excessivo pode provocar necrose muscular e rabdomiólise. Os indivíduos não treinados; hipocaliémicos (o potássio é vasodilatador da microvasculatura muscular) (VISWERSWARAN e GUNTUPALI, 1999); desidratados e que praticam exercício físico excêntrico (ex. descer escadas) ou sob condições extremas de calor e umidade estão em risco acrescido para a patologia (KNOCHEL, 1990)
Estudos constataram que praticantes de exercícios físicos utilizando cargas de 80% de 1RM ou superiores ocasionam estresse oxidativo (MARGONIS et al., 2007), um dos fatores de risco para a rabdomiólise. Outro fator a ser considerado é o aumento da concentração de CK (GOMEZ-CABRERA et al., 2006), também considerado fator de risco.
Portanto, a adequação da sobrecarga de treinamento é fundamental para anular fatores de risco para a rabdomiólise, sabendo-se que é quase impossível impedir grandes sobrecargas para atletas de alto rendimento.