Escrito pelo Prof. MBA e Esp. Danilo Luiz Fambrini
Muito provavelmente você ainda não tenha ouvido com frequência o termo Síndrome Anserina. No entanto, apesar de não ser muito utilizado o termo, existem diversos casos.
Em publicação anterior informamos sobre a Pata de ganso, mencionando do que se trata, sua anatomia, entre outras informações (clique aqui para ler)
O primeiro relato de alteração nessa região anatômica foi feito por Moschcowitz (1937), que apontou sintomas dolorosos em joelhos exclusivamente em mulheres que se queixavam ao descer ou subir escadas, ao levantar de cadeiras ou que referiam dificuldades em flexionar os joelhos.
A existência de tendinite e/ou bursite anserina (região da pata de ganso) é denominada como Síndrome Anserina.
A distinção entre bursite e tendinite anserina é clinicamente difícil, pela aproximação acentuada dos tecidos envolvidos, porém, não é significante porque o tratamento é o mesmo para ambas as condições.
A síndrome tem sido relatada em maior número em atletas corredores de longa distância (SAFRAN & FU, 1995). O diabetes mellitus (DM) tem sido evidenciado em grande desses pacientes (COHAN, MAHUL & MEIR, 1997).
A origem também inclui trauma, retração da musculatura posterior da coxa, irritação de plica suprapatelar, lesão do menisco medial, pé plano, genu valgum, infecção e reação a corpo estranho, de acordo com (HUANG et al., 2003).
O diagnóstico tem sido totalmente embasado nos sintomas, que são marcados por dor na face medial do joelho ao subir e descer escadas, sensibilidade à palpação (digitopressão) na área de inserção e, em casos, inchaço local (Arthritis Foundation, 2001). Pode contribuir para o diagnóstico o desaparecimento da dor após injeção de anestésico local (WALSH & MARICIC) Estudos de ultrassonografia e de ressonância magnética não confirmam o diagnóstico clínico na maioria dos casos.
Tratamento
Segundo Helfenstein Jr e Kuromoto (2010), a terapêutica inicial deve incluir repouso do joelho afetado, crioterapia (compressas de gelo por 10 minutos) para os casos agudos, fisioterapia e medicamento anti-inflamatório. A utilização de uma almofada/travesseiro entre as coxas ao dormir pode ser necessária. A perda de peso é obrigatória se obesidade se fizer presente. Tratamento de eventuais condições associadas, como desvio do joelho e pé plano, e controle do diabetes não podem ser esquecidos. Os pacientes idosos e aqueles com dor crônica devem ser orientados para evitar atrofia muscular pelo desuso. Exercícios isométricos podem ser empregados para tal finalidade.
Referências:
Huang TW, Wang CJ, Huang SC. Polyethylene-induced pes anserinus bursitis mimicking and infected total knee arthoplasty. J Arthroplasty 2003; 18:383-6.
Moschcowitz E. Bursitis of sartorius bursa: an undescribed malady simulating chronic arthritis. JAMA 1937; 109:1362-6.
Safran MR, Fu FH. Uncommon causes of knee pain in the athlete. Orthop Clin North Am 1995; 26:547-9.
Cohen SE, Mahul O, Meir R. Anserine bursitis and non-insulin dependent diabetes mellitus. J Rheumatol 1997; 24:2162-5.
Primer on the Rheumatic Diseases. Musculoskeletal Signs and Symptons – Regional Rheumatic Pain Syndromes – Disorders of the Knee Region – Klippel JH (ed.). 12th ed. Arthritis Foundation 2001:182-4.
Walsh BT and Maricic MJ. Knee Pain. In: Clinical Care in the Rheumatic Diseases. Bartlett SJ (ed.). Chapter 17. 3rd ed. Association of Rheumatology Healyh Professionals 2006; 109-13.