Escrito pelo Prof. Especialista, MBA e mestrando Danilo Luiz Fambrini
É evidente o envolvimento de diferentes capacidades físicas nas nossas ações do cotidiano, tais como, flexibilidade e força muscular, que são de suma importância para o aumento da eficiência dos movimentos. Essa eficiência reflete em uma maior facilidade para a execução dos movimentos, resultando em maior qualidade de vida e saúde (ACHOUR JR, 2006)
Para que se possa adquirir uma flexibilidade ótima, se faz necessário o emprego de exercícios de alongamento, que são definidos como qualquer técnica aplicada para promover o aumento da mobilidade dos tecidos moles e consequentemente, a amplitude de movimento (YLINEN et al., 2009).
Diversos artigos tem relatado que a aplicação do alongamento precedendo uma atividade física pode causar efeitos deletérios na força dinâmica (BEHM et al., 2004; MAREK et al., 2005) e na força isométrica (BEHM et al., 2001; FOWLES et al., 2000; KOKKONEN et al., 1998; POWER et al., 2004). Impulsos agudos de alongamento com intensidade elevada podem prejudicar tempo de equilíbrio, reação e movimento (BEHM et al., 2004).
Como o Ciência do Treinamento relatou em postagem anterior, a utilização de alongamento estático precedendo o treinamento exige cuidados. Necessita saber se o aluno tem encurtamento muscular ou não, para assim, mediar a intensidade do alongamento e a necessidade ou não precedendo a tarefa (Clique aqui para ler a matéria).
Mas e com relação a utilização do alongamento fora do horário de treinamento e de forma crônica, ou seja, como uma forma de treinamento de flexibilidade?
Em obra de Magnusson et al. (1996), são encontrados dados que sugerem que o estimulo crônico seja diferente, pois, segundo os autores, a pratica de treinamento de flexibilidade ocasionam adaptações nas quais a musculatura se torna mais tolerante ao estresse. Assim, podemos também pensar na possibilidade de que praticantes de treinamentos de flexibilidade podem ter menos efeito agudo negativo devido a sua maior tolerância.
No entanto, um efeito contrario é observado quando falamos em efeito crônico do alongamento, como em estudo feito por Kokkonen et al (2007), onde utilizando um protocolo de 10 semanas com três sessões semanais compostos por três series de 15 segundos. Os autores encontraram aumento na força de membros inferiores após o período de treinamento.
A possibilidade de ganho de força muscular após um período de treinamento de alongamento também foi avaliada por Handel et al (1997), onde recrutou atletas e por oito semanas efetuou três sessões semanais compostas por diversos exercícios nos quais totalizavam 86 minutos por sessão. O autor não só relata o aumento de força após o período como salienta que este aumento de força começou a existir após três semanas de estudo.
Outra intervenção executada por Worrel et al. (1994), utilizando um volume de sessões e método de avaliação de força semelhante ao do nosso estudo, porém, com adultos jovens, não foram observadas diferenças significativas na força de extensores e flexores de joelho á 60° por segundo, apesar de uma tendência a aumento. Considerando esse fato, podemos sugerir que o volume de alongamento por sessão (4 series de 20 segundos) ou a intensidade deste (não relatada pelos autores), não foram suficientemente efetivos.
Interessantes estudos executados por Coutinho et al (2004), e Williams (1998), relataram outros benefícios provenientes da pratica de técnicas de alongamento. Ambos utilizaram suas técnicas em ratos (levando em consideração sua semelhança genética com o ser humano), utilizando o músculo sóleo como experimento e sessões com volume de 30 e 40 minutos, respectivamente. Os autores das pesquisas citadas, encontraram manutenção da área de secção transversa do músculo sugerindo que o alongamento estático é efetivo nessa função, desde que utilizando volumes altos. A sugestão de que seriam necessários volumes altos de alongamento, parte do fato de que Williams (1990), em um estudo também utilizando ratos, porém, com 15 minutos de alongamento por sessão, não foi o bastante para evitar a redução da área de secção transversa do músculo sóleo.
Um estudo mais recente, observou que em apenas uma semana, com três sessões de 40 minutos, já foram suficientes para atenuar a perda da área de secção transversa do músculo sóleo em relação a perna não estudada.
Podemos então, sugerir que a pratica de alongamento não só aumenta a flexibilidade e força como também pode ser eficiente na manutenção da massa magra. Desta forma, o alongamento estático se torna uma ótima alternativa para indivíduos não adeptos de atividades físicas mais vigorosas, tanto pela sua praticidade, como eficiência.
Referência da imagem: globalfitness